No decorrer da vida universitária, é comum que estudantes se envolvam em situações relacionadas ao uso de álcool e outras drogas, seja pelo consumo próprio ou com colegas e desconhecidos, em festas ou eventos sociais.
Embora muitos pretendem apenas se divertir, acabam se prejudicando com as consequências do contato com essas substâncias.
Contudo, um estudo conduzido pelo Laboratório de Ensino e Pesquisa em Psicopatologia, Drogas e Sociedade da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP sugere que a situação pode ser amenizada com espaços de conversa e informação sobre os reais riscos do uso de álcool e drogas.
O objetivo do estudo sobre álcool e drogas
O estudo busca estratégias para diminuir os danos associados ao uso de substâncias entre estudantes universitários. Entre elas, os pesquisadores destacam o diálogo, com espaços específicos para tratar a questão com os jovens.
A professora Clarissa Mendonça Corradi-Webster, elenca as principais formas que os jovens disseram utilizar para reduzirem o risco de terem problemas, como:
- Controlar o consumo nos esquentas;
- Ter meio de transporte seguro;
- Beber muita água durante o evento;
- Prestar atenção aos sinais do corpo;
- Manter-se próximo de amigos;
Cuidar de pessoas que fizeram uso abusivo de substâncias durante a festa, e mesmo dias depois, para conversar sobre as experiências.
A necessidade ficou evidente durante o estudo, pois foi verificado que os estudantes que querem se divertir, não têm ideia do que pode ocorrer a seguir e “não encontram lugares para conversar sobre esse tema, principalmente os calouros”.
Clarissa destaca que não são todos os jovens que fazem uso de álcool e drogas, no entanto todos eles precisam saber como diminuir os riscos.
Dessa maneira, o psicólogo João Diogo, autor do estudo, definiu o diálogo entre os universitários como a melhor maneira de conhecer como os jovens percebiam suas ações em direção à redução de danos.
Com a metodologia definida, o pesquisador trabalhou com grupos de estudantes, que se reuniam para debater e conversar sobre os diferentes problemas encontrados no contato com essas substâncias.
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Diálogo e formação de grupos ajudam conscientização
Com os grupos montados, os pesquisadores passaram a conversar sobre o consumo de diferentes substâncias e as estratégias que os estudantes consideravam que poderiam ser adotadas para reduzir os impactos e consequências indesejadas relacionadas ao consumo de álcool e drogas.
Em suma, Clarissa ressalta a importância desse dialogo também para o restante da população, pois o consumo dessas substâncias também está presente na vida de pessoas de fora do âmbito universitário.
Contudo, a pesquisadora destaca a relevância do conhecimento acadêmico em debates fundamentais da sociedade, pois as informações produzidas na universidade abrem espaços para reflexão de temas relevantes para a população, como os riscos associados ao uso de substâncias e formas de reduzir danos.
Em suma, esses resultados fazem parte da dissertação de mestrado Estratégia.s de redução de danos em estudantes universitários que fazem uso de drogas, apresentada por João Diogo Filippini Fernandes à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP em abril de 2020. Fernandes trabalhou sob orientação da professora Clarissa Mendonça Corradi-Webster.
Estudo dos Cogumelos psicodélicos
O estudo incluiu 93 pessoas dependentes de álcool. Nos três meses que antecederam o estudo, os participantes bebiam aproximadamente 60% dos dias. Cerca da metade era de consumo pesado.
O que seria esse consumo pesado? Definido na pesquisa como cinco ou mais drinks por dia para um homem e quatro ou mais para uma mulher.
Dessa maneira, os participantes, aleatoriamente, receberam a orientação de ingerir uma cápsula de psilocibina usado como placebo:
- Duas vezes ao longo das 36 semanas do estudo;
- Também tiveram quatro sessões de terapia antes da primeira dose;
- Quatro sessões entre elas e mais quatro após a segunda dose do medicamento.
Em suma, depois dos encontros iniciais com terapeutas, todos já bebiam menos, os dias de consumo excessivo foram de cerca de metade para cerca de um quarto dos dias de consumo. Esse número continuou caindo para as pessoas que tomaram psilocibina. Ao final do estudo, o número de pessoas que bebiam reduziu a cerca de um décimo dos dias em que bebiam.
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Fonte: Jornal USP