No Brasil, a taxa de evasão em universidades federais é maior do que o número de concluintes. Os dados são referentes a uma avaliação realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) nas 69 universidades públicas com o objetivo da pesquisa foi identificar se as instituições estão cumprindo suas funções de ensino e pesquisa.
A auditoria, que analisou o período de 2010 a 2017, focou em questões como evasão universitária, gestão de custos, acompanhamento de egressos e produção científica, em conformidade com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).
Uma das principais conclusões foi a alta taxa de evasão, que supera a de conclusão. “Dos alunos que entraram em 2017, por exemplo, a taxa de conclusão foi de 17%, enquanto a desistência ficou em 36%”, destaca o relatório do TCU.
Esses números apontam para a ineficácia das estratégias para reter estudantes até a formatura. Além disso, o Ministério da Educação (MEC) e as universidades enfrentam dificuldades na elaboração de diagnósticos claros, definição de metas e monitoramento efetivo para combater o problema.
Dados da auditoria
Além da taxa de evasão em universidades federais, outro ponto crítico apontado pela pesquisa é a falta de acompanhamento dos egressos. Das instituições avaliadas, 48% não possuem uma estrutura formal para gerenciar os dados, dificultando a análise do impacto real das atividades universitárias. De acordo com o relatório, esse monitoramento é fundamental para avaliar como a formação acadêmica impacta a vida dos graduados.
A gestão financeira também é uma área com problemas. Ou seja, a maioria das universidades não adota modelos adequados de gerenciamento de custos, o que compromete a alocação eficiente de recursos e a transparência na utilização do orçamento público. Sem essas informações, é impossível medir a eficiência e o desempenho das instituições.
No campo da produção científica, o Brasil enfrenta a perda de talentos para outros países. Isso é agravado pelo congelamento das bolsas de pós-graduação e a redução do orçamento destinado à pesquisa. Entre 2014 e 2021, mais pesquisadores deixaram o país do que chegaram, o que compromete o desenvolvimento econômico e social do Brasil.
Taxa de evasão em medicina é uma das menores do Brasil
A taxa de evasão nos cursos de medicina no Brasil é significativamente baixa em comparação com outras graduações do ensino superior. Isso se deve a fatores como a alta concorrência, com vestibulares extremamente competitivos, e a valorização da carreira médica.
Por outro lado, o Brasil tem vivenciado uma crescente migração de estudantes para o exterior, justamente para evitar essa competição acirrada nos vestibulares e processos seletivos. Tanto nas instituições públicas quanto privadas, medicina é um dos cursos com menores índices de evasão, reflexo da forte demanda e da concorrência acentuada. Países como a Argentina têm se tornado destinos populares para quem deseja escapar da alta concorrência ou das elevadas mensalidades de medicina nas universidades privadas. Atualmente, só na Argentina, são mais de 20 mil estudantes brasileiros cursando medicina.
Para entender mais:
- Medicina na Argentina: o que tem atraído brasileiros a estudar fora?
- Estudantes brasileiros enfrentam distância para cursar Medicina na Rússia
