Os dados mais recentes da Demografia Médica do Brasil 2025, divulgados nesta quarta-feira (1º) pela Associação Médica Brasileira (AMB) em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), mostram que o número de estudantes de Medicina que ingressam por meio de programas de reserva de vagas (RV), como cotas sociais e raciais, cresceu nas últimas décadas — mas ainda representa uma parcela minoritária. Atualmente, apenas 1 em cada 10 estudantes de Medicina é beneficiário de alguma política de cotas.
O levantamento indica que, em 2023, cerca de 24 mil estudantes de Medicina iniciaram sua graduação por meio dessas políticas de ação afirmativa. Embora o número represente um avanço expressivo em relação a 2010 — quando apenas 2.736 ingressaram por esse meio, o equivalente a 2,6% do total —, ele ainda não ultrapassa a marca de 10% do total de matriculados nos cursos de Medicina no país.
O estudo mostra que a participação de estudantes de Medicina em programas de reserva de vagas triplicou entre 2010 e 2017, passando de 2,6% para 9,1%, e atingiu 9,9% em 2019. Em números absolutos, o total de beneficiados cresceu de 2.736 em 2010 para 24.041 em 2023 — um salto de 778,6%.
Dos estudantes beneficiados por algum programa de RV em 2023, apenas 731 estudavam em instituições privadas. Já os demais 23.310, que representam 96,9%, estudavam em instituições públicas. Confira a tabela:
Instituições públicas
Ano | Estudantes matriculados | Participa de programa de RV | %* |
2010 | 38.702 | 2.702 | 7,0 |
2011 | 39.042 | 3.266 | 8,4 |
2012 | 39.705 | 3.835 | 9,7 |
2013 | 40.443 | 5.063 | 12,5 |
2014 | 42.022 | 6.550 | 15,6 |
2015 | 44.351 | 8.636 | 19,5 |
2016 | 46.402 | 11.213 | 24,2 |
2017 | 49.260 | 13.416 | 27,2 |
2018 | 52.109 | 15.793 | 30,3 |
2019 | 53.967 | 18.397 | 34,1 |
2020 | 52.362 | 19.687 | 37,6 |
2021 | 55.016 | 20.919 | 38,0 |
2022 | 56.781 | 21.557 | 38,0 |
2023 | 59.358 | 23.310 | 39,3 |
Instituições privadas
Ano | Estudantes matriculados | Participa de programa de RV | %* |
2010 | 64.610 | 34 | 0,1 |
2011 | 68.278 | 138 | 0,2 |
2012 | 71.099 | 160 | 0,2 |
2013 | 70.755 | 106 | 0,1 |
2014 | 76.488 | 122 | 0,2 |
2015 | 82.446 | 137 | 0,2 |
2016 | 89.602 | 156 | 0,2 |
2017 | 100.395 | 148 | 0,1 |
2018 | 115.679 | 179 | 0,2 |
2019 | 133.743 | 233 | 0,2 |
2020 | 151.917 | 292 | 0,2 |
2021 | 169.132 | 297 | 0,2 |
2022 | 188.720 | 588 | 0,3 |
2023 | 207.149 | 731 | 0,4 |
Nota-se que houve um aumento progressivo na participação em programas de reserva de vagas nas instituições públicas: de 7% em 2010 para 39,3% em 2023. Já nas privadas, a implementação desses programas foi baixa, com uma ligeira variação (0,1% a 0,4%) durante o período estudado.
O número total de estudantes de Medicina também cresceu no período analisado. As matrículas em universidades públicas subiram 53,4%, passando de 38.702 para 59.358. Nas privadas,o aumento foi de 220,6% (de 64.610 para 207.149 estudantes).
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Comparação entre instituições públicas e privadas
As instituições públicas concentram a maior parte dos alunos beneficiados por ações afirmativas. Em 2023, elas registraram 23.310 cotistas, enquanto as privadas somaram apenas 731.
As universidades públicas adotam principalmente cotas para estudantes oriundos da rede pública (19.779), seguidas por critérios étnico-raciais (12.857) e sociais (9.567). O número de pessoas com deficiência também é significativamente maior nas públicas (1.677) do que nas privadas (15).
Nas instituições privadas, a inclusão por meio de cotas é limitada. Em 2023, apenas 215 vagas foram destinadas a estudantes autodeclarados pretos, pardos ou indígenas, evidenciando uma baixa adesão a políticas de reserva de vagas.
Embora o número total de matriculados em Medicina tenha aumentado tanto em instituições públicas quanto privadas entre 2010 e 2023, o crescimento foi mais acentuado nas privadas — um salto de 220,6%, contra 53,4% nas públicas.
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