O Ministério da Saúde inaugurou o primeiro Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) voltado exclusivamente para comunidades indígenas. A base entrou em operação na área do Hospital da Missão Evangélica Kaiowá, localizada dentro da reserva Aldeia Jaguapiru, em Dourados (MS) em 9 de agosto, Dia Internacional dos Povos Originários.
O projeto piloto funciona 24 horas por dia, com atendimentos de urgência e emergência realizados por profissionais bilíngues, fluentes em português e guarani, e tem capacidade para atender cerca de 25 mil indígenas das etnias Guarani, Kaiowá e Terena. A entrega contou com a presença do secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, que destacou o caráter simbólico e político da inauguração como marco na política pública de saúde para povos originários.

“Essa ação, realizada em uma data muito simbólica e em um local de alta densidade demográfica, integra um conjunto de esforços para garantir atenção integral à população indígena, começando pela atenção primária à saúde. É um trabalho conduzido pelo presidente Lula e pelo nosso ministro Alexandre Padilha, fortalecendo o SUS com este projeto piloto inédito no país”, afirmou o secretário Weibe Tapeba, representante da SESAI.
Samu Indígena em Guarani
O primeiro Samu indígena do país inicia as atividades com uma equipe formada por 14 profissionais: cinco técnicos de enfermagem, cinco enfermeiros e quatro condutores-socorristas.
Metade deles é composta por indígenas dominantes de guarani, o que garante comunicação clara e atendimento alinhado à cultura local. Sempre que necessário, o serviço encaminha os pacientes para hospitais de referência da região, como o Hospital Universitário da Grande Dourados (HU-UFGD), que também conta com profissionais fluentes no idioma.
Mais do que oferecer assistência rápida, o Samu bilíngue fortalece a relação entre profissionais de saúde e pacientes indígenas. O modelo reforça o princípio do SUS de garantir um serviço universal, gratuito e culturalmente adequado. Em cada espaço da base, placas em guarani identificam os ambientes, reafirmando o respeito à identidade dos povos atendidos.

O projeto se insere em uma estratégia nacional de expansão do Samu 192. Desde 2023, o Ministério da Saúde entregou 2.462 novas ambulâncias para municípios de todas as regiões, um salto expressivo em relação ao período de 2019 a 2022, quando apenas 366 unidades foram distribuídas. Hoje, mais de 4,3 mil ambulâncias circulam pelo país, atendendo cerca de 190 milhões de brasileiros em 4.207 municípios.
Com planejamento e investimento contínuos, a pasta pretende universalizar o Samu até 2026. Para atingir essa meta, planeja entregar mais 2,3 mil ambulâncias nos próximos dois anos, sendo 1,3 mil somente em 2025. O Samu indígena de Dourados, ao unir atendimento de emergência e valorização cultural, simboliza o caminho que o país quer seguir: ampliar o acesso à saúde sem deixar ninguém para trás.
Desafios da saúde indígena e contexto atual
Ao passo que o SAMU indígena inaugura uma era de atendimento mais ágil e eficaz, ele também destaca problemas crônicos na saúde indígena. Segundo o último Censo do IBGE (2022), o Brasil conta com aproximadamente 1.693.535 indígenas, distribuídos em 305 etnias e 274 línguas, e muitos vivem em áreas remotas, com dificuldade de acesso à atenção médica qualificada.
Com o SAMU indígena, o Brasil dá um passo decisivo na redução das desigualdades na atenção à saúde dos povos originários. O projeto oferece serviço contínuo, em língua local, e reduz significativamente o tempo de resposta em situações de urgência. Além disso, sustenta a universalização do SAMU no país e reforça o compromisso do SUS com a diversidade cultural e a equidade territorial.
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