Desde a posse de Donald Trump em 2025, políticas de visto e imigração nos Estados Unidos passaram a impor maiores restrições para estudantes estrangeiros. Em particular, o Departamento de Estado dos EUA suspendeu temporariamente o agendamento de novas entrevistas para vistos de estudantes (categorias F, M e J), enquanto expande verificações de redes sociais como parte do processo de análise, o que tem levado muitos brasileiros a buscar alternativas de estudo em faculdades privadas no Brasil.
Consequentemente, o número de vistos estudantis concedidos caiu mais de 14% no primeiro semestre de 2025, em comparação ao mesmo período de 2024, segundo dados do Departamento de Estado americano.
Também aumentou o número de casos de revogação de vistos para estudantes estrangeiros, gerando insegurança. O custo total para obtenção de visto e manutenção nos EUA ficou mais elevado, considerando taxas novas como a “visa integrity fee” de US$ 250, que começará a vigorar em outubro de 2025.
Essas medidas produzem impacto direto: a Associação de Educadores Internacionais (NAFSA) estima que a redução no número de estudantes estrangeiros pode custar aos EUA cerca de US$ 7 bilhões em gastos com matrícula, moradia, alimentação e outros serviços, além de 60 mil empregos afetados.
Mudança no comportamento dos jovens brasileiros
Diante dessas barreiras crescentes para estudar nos Estados Unidos, muitos alunos brasileiros tem reconsiderado seus planos. Muitos voltam seus olhares para alternativas mais próximas ou financeiramente viáveis.
Em particular, destinos europeus ganharam força por oferecerem cursos em alguns casos com mensalidades mais baixas, facilidade crescente de aceitação de diplomas brasileiros ou do Enem, bem como ambiente cultural mais acessível.
Essas instituições competem oferecendo estrutura, reconhecimento e programas de bolsas ou financiamento que reduzem o gap em comparação ao custo total de estudar no exterior.
Crescimento da rede privada e papel do Enem
Dados recentes reforçam que a rede privada amplia sua presença no ensino superior nacional. Segundo o Mapa do Ensino Superior 2025, produzido pelo Instituto Semesp, entre 2022 e 2023 o total de matrículas no ensino superior cresceu 5,6%, com a rede privada registrando aumento de 7,3% no número de matrículas.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) continua sendo instrumento central de acesso às universidades públicas, porém assume também papel decisivo em concorrência entre privadas, além de servir como porta de entrada para cursos no exterior, especialmente em países de língua portuguesa como Portugal.
Muitos estudantes buscam utilizar nota do Enem para obter vagas ou reconhecimento em universidades portuguesas ou de outros países europeus, que aceitam esse certame.
Conexão com o estudante de Medicina
Entre os cursos mais afetados pela mudança de planos, Medicina se destaca. O curso exige alto investimento não apenas em mensalidades, mas em custos de moradia, materiais, deslocamento fora do país, e em muitos casos taxas adicionais para vistos ou seguros.
Universidades como FGV, PUC-Rio e Einstein relatam maior procura para cursos de saúde, ou ao menos maior interesse nos processos seletivos correlatos, de modo que há sugere-se uma migração interna: em vez de buscar graduação no exterior, muitos se inscrevem no Brasil mesmo, aceitando mensalidades elevadas ou buscando bolsas integrais ou parciais.
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Mesmo com essa migração de planos, persistem desafios. A evasão no ensino superior no Brasil permanece muito alta: segundo o Mapa do Ensino Superior (Semesp), a taxa de abandono chega a 57,2% entre redes pública e privada, incluindo modalidades presenciais e à distância (EaD). Na rede privada, o índice de evasão atinge quase 61%.
Isso significa que muitos estudantes que optam por cursos no Brasil enfrentam dificuldades de permanência, financeiras ou acadêmicas, que podem comprometer seus objetivos.
Embora instituições privadas de elite ofereçam bolsas e financiamentos, o custo ainda permanece alto para muitos. E a experiência internacional, redes de contato, prestígio acadêmico global etc., ainda pesa na decisão.
Ou seja, o “efeito Trump” não anula todos os atrativos dos EUA, mas ele eleva os custos, prolonga processos e aumenta incertezas, tornando as alternativas brasileiras e europeias relativamente mais competitivas.
O endurecimento das políticas de visto nos Estados Unidos, somado a custos crescentes e incerteza regulatória, impulsiona jovens brasileiros a considerarem mais fortemente faculdades privadas no Brasil como alternativa viável.
Enquanto isso, a rede privada amplia sua participação, instituições de elite registram maior procura, e o Enem continua vital, inclusive para acesso internacional no contexto europeu.
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