O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) emitiu um alerta inédito sobre o uso de “repertórios de bolso” na redação do Enem 2025. O aviso está na nova Cartilha da Redação e chama atenção para citações e referências decoradas, usadas por muitos candidatos para tentar impressionar a banca.
A orientação representa uma mudança importante na postura dos avaliadores. Agora, o foco é reconhecer textos autênticos, que mostrem reflexão crítica e domínio real do tema.
A preocupação do Inep surge em meio a uma queda expressiva nas notas máximas. Em 2024, apenas 12 candidatos alcançaram a nota mil, contra 60 em 2023. Segundo o órgão, parte dessa diferença vem do uso de repertórios socioculturais pouco produtivos e mal contextualizados.
O que são repertórios de bolso?
Na definição do Inep, “repertórios de bolso” também conhecidos como “repertórios coringa” são citações, autores, e obras utilizadas de forma genérica, sem relaçãoi direta com o tema proposto. São frases memorizadas que se encaixam perfeitamente em qualquer redação, mas não demnostram real compreensão.
A cartilha reforça que o simples ato de citar um filósofo, livro ou acontecimento histórico não garante boa pontuação. Na Competência II, que avalia o domínio dos conhecimentos necessários para argumentar e construir o texto, é essencial que o repertório tenha pertinência e diálogo com o tema. Quando o candidato usa referências apenas para preencher espaço, o repertório é classificado como “não produtivo” e reduz a nota.
Saiba mais:
Como usar o aplicativo do MEC Enem para corrigir redações e treinar para o Enem 2025
Como o Inep vai penalizar

Não há uma nova regra no manual do Enem, mas sim uma mudança na interpretação da banca corretora. O Inep deixa claro que o uso de repertórios decorados pode comprometer o desempenho na Competência II, responsável por até 200 pontos da nota total da redação.
O trecho da cartilha é explícito: “Repertórios socioculturais não produtivos, que não dialogam com o tema, não contribuem para a argumentação e, portanto, impactam negativamente a avaliação.” A penalização não zera a redação, mas pode representar perdas de até 80 pontos diferença suficiente para tirar o candidato das primeiras colocações em cursos concorridos, como Medicina.
A cartilha usa um exemplo real de uso inadequado: a obra Utopia, de Thomas More, aparece com frequência na redação sobre diversos temas. Em 2023, muitos participantes citarem citaram a livro para discutir “Os desafios para discutir a herança africana no Brasil”, afirmando genericamente que “a sociedade ideal de More cita um mundo perfeito”.
Apesar de correta em termos factuais, a citação não se conecta ao tema nem se aprofunda a discussão sendo, portanto, um repertório genérico. Em contrapartida, a cartilha elogia exemplos de referências que estabelecem relação direta com o assunto, como a menção à escritora Maria Firmino Reis, considerada a primeira romancista negra do Brasil. Essa escolha demosntra domínio cultural e capacidade de articulação, revelando reflexão crítica e pertinência temática.
Como usar repertórios de forma correta

Segundo o Inep, repertórios produtivos não precisam ser “intelectuais”.O que importa é usar o que se compreende de verdade, concetanto referências aos argumentos desenvolvidos. Bons repertórios podem vir de músicas, filmes, livros, notícias ou experiências culturais desde que sejam contextualizados e explicados.
Para tornar o uso produtivo, o candidato deve seguir três passos simples:
1.Contextualizar: explicar brevemente a origem da referência;
2.Conectar: relacionar a ideia com o tema da redação;
3.Concluir: mostrar como a citação reforça o ponto de vista.
Exemplo: em um tema sobre saúde mental, citar a série BoJack Horseman e discutir como ela retrata o estigma da depressão é mais produtivo do que apenas repetir frases filosóficas de efeito.
O alerta do Inep não deve ser visto como ameaça, mas como uma orientação para aprimorar a escrita. O Enem 2025 valoriza cada vez mais aa autenticidade e o pensamento crítico, e não o uso mecânico de fórmulas mecânicas.
Para alcançar boas notas, o estudante precisa construir um repertório próprio, alimentado por leituras, filmes, debates e atualidades, além de treinar a escrita com correções que apontem se suas referências estão realmente dialogando com o tema.