O ministro da Educação, Camilo Santana, e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, homologaram as novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do curso de Medicina. O documento é resultado de um amplo processo de consulta pública, que envolveu universidades, entidades médicas, gestores de saúde e representantes da sociedade civil.
Durante a cerimônia marcada pela aprovação das DCNs, Santana ressaltou a necessidade da atualização das novas diretrizes para Medicina seguindo as transformações da sociedade. “Esse é mais um passo importante para garantir a qualidade da formação em medicina. As diretrizes olham para a saúde mental, a tecnologia e as questões de inclusão, com base na realidade que estamos vivendo”, destacou.
As novas diretrizes para Medicina destacam a integração ao Sistema Único de Saúde (SUS) como base central da formação médica. Nesse sentido, os estudantes passam a ter contato prático desde os primeiros períodos na atenção primária, avançando gradualmente para áreas mais complexas. Esse percurso garante que, ao se formar, o médico esteja preparado para atuar em todas as etapas do cuidado em saúde, da prevenção à reabilitação.
“Não tenho dúvida nenhuma de que estamos dando um grande salto com essas novas diretrizes curriculares, um avanço que se soma aos esforços liderados pelo Ministério da Educação na formação dos profissionais do nosso sistema de saúde”, destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Mais notícias sobre saúde e Medicina:
STF suspende trechos da resolução do CFM sobre cursos de Medicina
Pesquisa Datafolha aponta os melhores hospitais do Brasil em 2025
Por outro lado, outro aspecto relevante é a ênfase na diversidade e na inclusão, com a instituição de políticas de pertencimento e de apoio estudantil, abrangendo dimensões étnico-raciais, sociais, culturais, de gênero e de orientação sexual. Também foi estabelecida a obrigatoriedade de núcleos de suporte psicossocial, além de programas organizados de mentoria e promoção da saúde mental.
Dessa forma, as DCNs ampliam o compromisso com grupos historicamente marginalizados, como comunidades indígenas, quilombolas, migrantes, população LGBTQIAPN+, pessoas em privação de liberdade e em condições de vulnerabilidade.
As novas diretrizes para Medicina ainda alinham a formação médica aos desafios do século XXI, incorporando conteúdos como inteligência artificial, análise massiva de dados, mudanças climáticas e sustentabilidade.
O que muda nas novas diretrizes para Medicina?

A aprovação das novas diretrizes foi feita de forma unânime pela Câmara de Educação Superior. Entre os acréscimos das novas diretrizes são destacadas oito pontos.
Confira os pontos debatidos para modificação na graduação:
1. Atualização para desafios do século XXI: debate a implementação e uso de novas tecnologias (IA, análise de dados em larga escala, redes neurais, plataformas digitais e segurança da informação) e a sustentabilidade e mudanças climáticas, reconhecendo os impactos ambientais na saúde;
2. Ênfase em competências humanísticas e sociais: amplia a atenção às populações vulneráveis, para promover a equidade no atendimento de indígenas, quilombolas, LGBTQIAPN+, migrantes e outros historicamente negligenciados, além de reforçar o compromisso com a justiça social;
3. Formação baseada em competências ampliadas: garante que o graduando tenha competências em diferentes aspectos (técnicos, éticos, políticos, culturais, sociais e ambientais), bem como a prática em serviços de saúde;
4. Aprimoramento da estrutura curricular: introduz pausas para autocuidado, projetos de extensão, congressos e aprofundamento tanto para estudantes quando para docentes, respeitando a saúde mental;
5. Internato com direcionamento estratégico: distribuição da carga horária entre internatos dedicados à medicina familiar e de comunidade e inclusão obrigatória de saúde mental, intensiva e ortopedia;
6. Políticas institucionais obrigatórias: determina que as instituições de ensino mantenham programas de inclusão, bem como programas de saúde mental e políticas de bem-estar, além da avaliação obrigatória antes do internato;
7. Inserção e integração do curso superior na rede SUS-loco regional de forma estruturada, desde o início da formação, com graus progressivos de complexidade;
8. Integração com residência médica e pós-graduação: incentiva a articulação com programas de residência e pós-graduação.
Como acontece a revisão das novas diretrizes para Medicina
As novas DCNs de Medicina resultam de um processo iniciado em 2023, coordenado pelo CNE, que incluiu consultas públicas, audiências e encontros com universidades, entidades médicas, gestores de saúde, estudantes e sociedade civil. Além disso, a revisão mostrou-se necessária após quase dez anos da resolução anterior, diante das transformações tecnológicas e sociais e da necessidade de adequar a formação médica às demandas atuais do sistema de saúde brasileiro.
No entanto, o resultado foi um documento aprovado por unanimidade em agosto de 2025, que fortalece a integração com o SUS, promove a inclusão e atualiza o currículo frente aos desafios contemporâneos.