No último dia 26, o Hospital de Base de São José do Rio Preto (SP) protagonizou um marco na saúde pública brasileira. Gumercindo Gonçalves da Silva, idoso de 89 anos com hiperplasia prostática benigna (HPB) e outras comorbidades, realizou com sucesso a embolização das artérias da próstata. Esse procedimento pioneiro em hospitais do interior paulista, ocorreu pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Diante do quadro clínico, o Sr. Gumercindo não reunia condições para enfrentar uma cirurgia invasiva sob anestesia geral, procedimento padrão em casos de hiperplasia prostática benigna (HPB). Nesse contexto, a embolização, técnica minimamente invasiva realizada com anestesia local, apresentou-se como a alternativa mais segura e eficaz.
Diferentemente da prostatectomia, procedimento associado a riscos como sangramento, infecção, incontinência urinária e disfunção erétil, a embolização garante uma abordagem mais segura e com tempo de recuperação reduzido. Nesse método, médicos bloqueiam seletivamente os vasos sanguíneos responsáveis por irrigar a próstata, promovendo a diminuição de seu volume e o alívio dos sintomas.
Pesquisadores brasileiros desenvolveram integralmente a técnica, sob a liderança do professor Francisco Cesar Carnevale, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Os estudos começaram em 2008 e, ao longo dos anos, ganharam relevância no cenário médico. Como resultado desse trabalho, em 2024, o professor Carnevale recebeu reconhecimento internacional ao conquistar a “Gold Medallist” da Cardiovascular and Interventional Radiological Society of Europe (CIRSE).
Até recentemente, a embolização restringia-se à rede privada e a grandes centros universitários. No entanto, a autorização concedida pela Fundação Faculdade Regional de Medicina (Funfarme) e pelo Hospital de Base de São José do Rio Preto para a oferta do procedimento pelo SUS marcou um avanço expressivo no acesso a essa tecnologia. A medida amplia as possibilidades de tratamento para pacientes da rede pública e reforça a importância da interiorização de terapias minimamente invasivas no Brasil.
O êxito desse primeiro procedimento pioneiro abre caminho para que a embolização prostática se consolide como uma alternativa relevante no SUS, especialmente para pacientes com hiperplasia prostática benigna de grande volume ou com limitações clínicas para intervenções cirúrgicas convencionais. A técnica oferece uma nova perspectiva terapêutica, aliando segurança, menor tempo de recuperação e a possibilidade de melhora significativa na qualidade de vida.
Veja também:
Medicina em Portugal via Enem pode ter vaga mais cara para brasileiros