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51% dos médicos do Sul são diagnosticados com problemas de saúde mental, aponta pesquisa nacional

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Entidades médicas apontam sobrecarga de trabalho, vínculos precários e estigma profissional como fatores que agravam a saúde mental de médicos no Sul.

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Mais da metade dos profisssionais médicos que atuam na região Sul do Brasil já receberam algum diagnóstico médico referente a saúde mental segundo a pesquisa Afya “Qualidade de Vida dos Médicos do Brasil 2025”. O levantamento aponta que 51% dos médicos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná foram diagnosticados como ansiedade, estresse, depressão e burnout, um número que está acima da média nacional.

As entidades médicas locais, como a Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) e o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), manifestam preocupação com o dado e relacionam os índices à sobrecarga de trabalho e às recentes crises regionais, como ass enchentes.

O que explica esse cenário

Especialistas atribuem o elevado índice em saúde mental de médicos no Sul a um conjunto de fatores estruturais e ocupacionais que se acumulam ao longo da carreira. Entre eles, as jornadas de trabalho extensas estão entre as principais causas.

Segundo o levantamento, 24,7% dos participantes afirmaram atuar entre 60 e 74 horas semanais, enquanto 11% ultrapassam 75 horas. Além disso, muitos profissionais enfrentam vínculos de trabalho precários, baixa remuneração e a necessidade de acumular plantões para quitar dívidas e manter a renda mensal.

Como resultado, essa rotina intensa acaba gerando uma sobrecarga emocional constante, marcada pelo contato diário com situações de sofrimento, morte, violência e crises, como as recentes enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul.

Somado a isso, há a dificuldade de buscar ajuda psicológica ou psiquiátrica, seja por falta de tempo, seja pelo estigma que ainda existe dentro da própria classe médica em relação ao cuidado com a saúde mental.

O presidente da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS), Gerson Junqueira Júnior, observa que esse problema é recorrente e vem se agravando com o passar dos anos. “É um problema de muito antes da pandemia. Mas, na pandemia, tivemos muita crise de saúde, e no ano passado, com as enchentes, isso cresceu de uma forma assustadora”, afirmou. Por outro lado, Ricardo Nogueira, coordenador do Núcleo de Psiquiatria do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), reforça que a situação é estrutural e alerta: “Nunca se viu uma crise tão grande na medicina.”

O presidente da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS), Gerson Junqueira Júnior, observa que esse problema é recorrente e vem se agravando com o passar dos anos. “É um problema de muito antes da pandemia. Mas, na pandemia, tivemos muita crise de saúde, e no ano passado, com as enchentes, isso cresceu de uma forma assustadora”, afirmou. Já Ricardo Nogueira, coordenador do Núcleo de Psiquiatria do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), reforça que a situação é estrutural e alerta: “Nunca se viu uma crise tão grande na medicina”.

Burnout e depressão em alta

Foto: Pixabay

Os dados específicos sobre burnout, depressão e ansiedade reforçam o quadro alarmante em saúde mental de médicos no Sul:

Ansiedade: 35% têm diagnóstico e fazem tratamento; outros 9% têm diagnóstico, mas não estão em tratamento.
Além disso, 27% dos médicos do Sul disseram fazer acompanhamento com especialista para depressão, acima da média nacional (22%). Já 15% apresentam sintomas mas não fazem tratamento.
Esse panorama revela que a saúde mental de médicos no Sul é significativamente comprometida, tanto pelo número de diagnósticos quanto pela disposição em tratamento;

Burnout: 52% dos médicos da região relataram sintomas no último ano, o segundo maior índice entre as regiões;

Depressão: apenas 31% afirmaram nunca ter apresentado sintomas, o menor percentual do Brasil.

O reflexo no ensino e nos jovens médicos

Esse quadro não se limita aos profissionais formados. Como já mostrou o portal Melhores Escolas Médicas, o esgotamento emocional e o adoecimento mental têm início ainda na graduação, impulsionados por jornadas intensas de estudo e cobrança por excelência.


Entre estudantes e residentes, a combinação de autocobrança, elevada carga horária e pouco espaço para autocuidado instala terreno fértil para transtornos de ansiedade, depressão e burnout. Isso contribui para que a saúde mental de médicos seja impactada já em formação, propagando-se para a carreira.

Possíveis caminhos para reverter o quadro

Para melhorar esse cenário de saúde mental de médicos, especialistas e entidades sugerem:

  • Fortalecer programas institucionais de apoio psicológico para médicos e estudantes, com acesso facilitado e confidencial.
  • Implantar ações de prevenção ao burnout em hospitais e faculdades, como limitação de horas, rodízio de plantões, pausas estruturadas.
  • Incentivar práticas de autocuidado, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, atividades físicas e rotinas de descanso.
  • Estimular políticas públicas e iniciativas das entidades médicas para reduzir sobrecarga, melhorar remuneração, formalizar vínculos e reconhecer o risco da profissão.
    Só por meio de um conjunto articulado de medidas será possível promover melhora real na qualidade de vida dos médicos e resguardar a saúde mental de médicos no Brasil.

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