Já falamos anteriormente sobre a qualidade dos cursos de Medicina abordando o projeto pedagógico do curso, o que conhecemos como currículo do curso. Aquele aspecto é essencial pois mostra a intencionalidade na formação do médico, porém, sem um conjunto de professores competentes para essa tarefa é impossível ter-se um curso de Medicina de qualidade.
Os professores do curso de Medicina devem ser predominantes médicos, no entanto é de se esperar que principalmente nos primeiros anos do curso haja a contribuição de docentes de várias profissões da saúde, o que certamente enriquece a formação profissional e habilita o futuro médico a trabalhar em equipes multiprofissionais. É recomendável que existam professores que pertençam a profissões fora da área da saúde o que favorece a intersetorialidade, ou seja, a relação entre o setor saúde e outras áreas como o direito, por exemplo. Existe, em alguns processos de abertura de curso de Medicina a necessidade de se prever 5% de docentes fora da área da saúde.
A titulação dos docentes é um dos importantes critérios de qualidade do curso. Verifique o número de doutores, mestres e especialistas para saber se o curso é de qualidade. Especialista é a titulação mínima para ser professor de curso superior no Brasil. Graduados apenas não podem atuar na educação superior. É de se esperar que o número de mestres e doutores seja superior ao de especialistas. Esses professores, principalmente os mestres e doutores, tendem a produzir ciência publicando seus artigos científicos, o que pode ser visto pelos seus currículos na plataforma Lattes. Não basta aprender, é necessário produzir novos conhecimentos e isso se dá por meio da pesquisa.
A qualidade do curso de medicina
Espera-se que um curso de Medicina de qualidade tenha professores com experiência profissional relevante, além de experiência na docência de ensino superior. Há grande diversificação nas áreas de atuação desses professores principalmente nas áreas de Clínica Médica, Cirurgia, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria, Saúde Coletiva e Saúde Mental, além da área de Urgência e Emergência. Embora os primeiros seis anos de formação médica não devem almejar a formação de especialistas, a atuação destes no curso é essencial, porém dentro das grandes áreas anteriormente citadas.
As habilidades dos professores de Medicina envolvem o ensino teórico, mas principalmente o prático. A prática se dá em laboratórios, na comunidade e nos ambientes de assistência médica do Sistema Único de Saúde. Entre as competências do professor está a capacidade de mediar a relação entre o aluno e os objetos do conhecimento, levando o estudante a construir sua própria trilha de aprendizagem a caminho da autonomia. Ou seja, mais que assistir boas aulas teóricas, às novas metodologias de ensino levam o estudante a aprender a aprender por si, com o apoio do docente.
Portanto, se quer um curso de Medicina de qualidade, no que se refere ao seu corpo docente, procure um curso que apresente professores com larga experiência na carreira docente, titulados e com experiência profissional consistente. Também é bom observar se esses professores têm se atualizado na sua formação como educadores por meio de congressos de educação e cursos de formação, além, é claro, se os mesmos se atualizam nas suas respectivas áreas de atuação.
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