A influência da fé e da espiritualidade no processo de cura está ganhando atenção formal no meio médico. O Conselho Federal de Medicina (CFM) instituiu a Comissão de Saúde e Espiritualidade, com sede em Brasília, para aprofundar estudos sobre como elementos espirituais impactam o bem-estar e a recuperação dos pacientes. A comissão será responsável por fomentar pesquisas científicas, promover debates e oferecer subsídios técnicos aos profissionais de saúde sobre esse tema ainda pouco explorado na prática médica.
A coordenadora da comissão, Rosylane Rocha, destaca que a proposta é integrar as evidências científicas mais atuais à atuação dos médicos brasileiros, promovendo um olhar mais amplo sobre o tratamento. Ela lembra que a espiritualidade já é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um fator relevante para a saúde global, contribuindo de forma positiva para aspectos psíquicos, sociais e até biológicos dos indivíduos.
O projeto para a criação da comissão surgiu no final de 2024, mas só recentemente foi oficializado por meio de uma portaria. Uma das linhas de investigação será a análise do impacto da oração sobre o organismo. Estudos já indicam que durante a prática de preces e meditação, o cérebro libera neurotransmissores ligados à sensação de bem-estar, como a dopamina e a serotonina.
É importante frisar que espiritualidade, nesse contexto, não se limita à religiosidade. A comissão reunirá médicos de diversas crenças para entender, de forma técnica, como práticas espirituais podem influenciar positivamente no tratamento de doenças. A proposta não é promover crenças específicas, mas compreender o papel da espiritualidade como um recurso terapêutico complementar.
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Profissionais despreparados e pacientes desprotegidos
Importância da fé para saúde no tratamento e cura na Medicina
A fé tem se mostrado uma aliada importante no enfrentamento de doenças, especialmente em casos de grande sofrimento físico ou emocional. Para muitos pacientes, acreditar em algo maior oferece conforto, esperança e força para seguir com o tratamento, mesmo diante de pareceres difíceis. Essa dimensão, embora não substitua a medicina tradicional, contribui significativamente para o equilíbrio emocional e psicológico do indivíduo.
Do ponto de vista clínico, estudos têm revelado que práticas espirituais, como a oração e a meditação, estimulam a liberação de substâncias cerebrais associadas ao bem-estar, como a serotonina e a dopamina. Esses neurotransmissores ajudam a reduzir o estresse, a ansiedade e a dor, promovendo um estado mental mais positivo e colaborativo durante o tratamento. Médicos e pesquisadores começam a reconhecer que a fé pode atuar como um fator complementar à medicina, favorecendo a adesão aos tratamentos e fortalecendo o sistema imunológico.
Além disso, a espiritualidade pode proporcionar uma percepção mais profunda do processo de adoecimento, ajudando o paciente a ressignificar sua experiência e a encontrar sentido mesmo nas situações mais difíceis. Essa abordagem humanizada e integrativa, que leva em conta corpo, mente e espírito, tem ganhado espaço nas discussões sobre saúde.
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