Demografia Médica do Brasil: Futuro da profissão é destaque!

Compartilhar:

Escrito por:

Stephanie Freitas
Estágiaria em Jornalismo.

O levantamento Demografia Médica no Brasil 2025, feito pela USP junto com o Ministério da Saúde e o Ministério da Saúde e a Associação Médica Brasileira (AMB), traz um retrato atual da medicina no país. O número de médicos segue crescendo e já soma mais de 635 mil profissionais, número três vezes maior do que no ano 2000.

Ainda assim, o Brasil está abaixo da média de médicos por habitante recomendada internacionalmente. O crescimento veio junto com a criação de novos cursos de medicina, mas também escancarou problemas antigos, como a desigualdade na distribuição desses profissionais pelo território nacional.

Um dos pontos de destaque do estudo é o protagonismo feminino na medicina. Pela primeira vez, as mulheres são maioria entre os médicos em atividade no país, e também predominam entre os estudantes da área. Ainda há especialidades dominadas por homens, mas áreas como Dermatologia já contam com grande participação feminina. Esse avanço mostra uma mudança importante no perfil da categoria e aponta para um futuro mais equilibrado em termos de gênero na profissão.

Por outro lado, a desigualdade regional continua sendo um grande desafio. Enquanto regiões como o Distrito Federal concentram médicos em número muito superior à média nacional, estados como o Maranhão ainda têm uma baixa proporção de profissionais por habitante. Além disso, boa parte dos médicos está em cidades grandes e na rede privada, deixando municípios menores e o SUS com cobertura limitada. O estudo reforça a importância de políticas que incentivem a atuação médica em áreas menos assistidas.

A maioria de especialistas estão na Rede Privada

O estudo mostra que a maioria dos médicos especialistas no Brasil está concentrada na rede privada, principalmente na região Sudeste. Isso reforça uma desigualdade já conhecida no acesso à saúde, onde quem depende do sistema público pode ter mais dificuldade para encontrar certos tipos de atendimento especializado.

Atualmente, apenas 59,1% dos médicos no Brasil têm título de especialista, um índice abaixo da média dos países da OCDE, que é de 62,9%. Esse dado indica que ainda há muito espaço para investir na formação e qualificação dos profissionais da saúde no país.

Entre as especialidades mais comuns estão Clínica Médica, Pediatria, Cirurgia Geral, Ginecologia e Obstetrícia, Anestesiologia, Cardiologia e Ortopedia e Traumatologia. Juntas, essas áreas somam mais da metade dos especialistas atuantes no Brasil, o que mostra uma concentração em áreas mais tradicionais da medicina.

Desafios na assistência cirúrgica

O levantamento revela que quem tem plano de saúde consegue fazer cirurgias como apendicectomia, colecistectomia e correção de hérnias com mais facilidade do que quem depende exclusivamente do SUS. Um exemplo disso é que a taxa de apendicectomias entre beneficiários de planos foi 34,4% maior do que no sistema público, o que mostra uma diferença importante no acesso aos procedimentos.

Outro ponto preocupante é que cerca de 8% das cirurgias são canceladas por falta de equipe médica, principalmente anestesistas. Esse dado reforça a urgência de melhorar a distribuição desses profissionais e ampliar a oferta de cirurgias no SUS, garantindo que mais pessoas tenham acesso ao atendimento de que precisam, independentemente da forma de cobertura de saúde.

Taxa de apendicectomias por 100 mil habitantes no Brasil, realizadas pelo SUS e planos de saúde, entre 2022 e 2023, por regiões.

Expansão dos cursos de medicina

Entre 2004 e 2013, foram registrados 92 novos cursos de medicina no Brasil, com 7.692 novas vagas. Esse número aumentou significativamente entre 2014 e 2024, período em que foram criados 225 novos cursos, oferecendo 27.921 novas vagas. Esse crescimento reflete a tentativa de suprir a demanda por médicos no país, mas também levanta preocupações sobre a qualidade da formação e a necessidade de uma distribuição mais equitativa dos profissionais formados.

A renda média de um médico caiu

Nos últimos anos, mesmo com o crescimento no número de médicos no Brasil, a média de renda da categoria acabou caindo. Segundo o estudo Demografia Médica no Brasil 2025, o salário mensal médio dos médicos ficou em torno de R$18.225 — valor mais baixo do que os R$19.873 registrados em 2014, já ajustados pela inflação. Essa queda pode estar relacionada ao aumento expressivo de novos profissionais no mercado, à abertura de mais faculdades de Medicina e à maior concorrência pelas vagas e oportunidades de trabalho.

Outro ponto importante é a diferença nos ganhos entre quem trabalha no setor público e quem atua na rede privada. Médicos que conseguem acumular cargos ou manter consultórios próprios costumam ter rendimentos mais altos. Já em algumas regiões, a informalidade nos vínculos e a falta de estabilidade acabam prejudicando os profissionais, o que também influencia na queda da média salarial.

Mais médicos jovens em atividade 

O estudo também chama atenção para o perfil cada vez mais jovem da população médica no Brasil. Em 2025, quase metade dos médicos em atividade no país tem menos de 40 anos, o que mostra como a profissão vem se renovando com a entrada constante de novos profissionais formados. Esse movimento é reflexo direto da expansão dos cursos de Medicina nos últimos anos e da alta demanda por médicos em todas as regiões do Brasil.

Apesar de positivo, esse rejuvenescimento também traz desafios, principalmente no que diz respeito à experiência clínica e à concentração desses profissionais em grandes centros urbanos. Muitos recém-formados ainda enfrentam dificuldades para se estabelecer no mercado, especialmente em cidades menores ou em áreas com menos infraestrutura de saúde. Mesmo assim, a chegada dessa nova geração de médicos pode representar uma chance de transformação na forma como a medicina é praticada no país.

Projeções para 2035

As estimativas para 2035 mostram que o Brasil pode ter mais de 1,1 milhão de médicos em atividade, o que daria uma média de 5,2 profissionais por mil habitantes. Outro dado interessante é que as mulheres devem representar a maioria, com 55,7% dos médicos ativos no país, reforçando uma tendência que já vem crescendo nos últimos anos.

Por outro lado, a desigualdade na distribuição de médicos entre as regiões deve continuar. Enquanto o Distrito Federal pode chegar a ter 11,83 médicos por mil habitantes, estados como o Maranhão devem ficar com bem menos, apenas 2,43 por mil. Isso mostra que, mesmo com o aumento no número total de profissionais, ainda vai ser necessário pensar em formas mais justas de distribuir esses médicos pelo país.

Veja mais sobre notícias da medicina:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Tudo que acontece na Medicina está na MEM. Assine nossa newsletter!

Ao enviar, você concorda em receber comunicações.

O mundo da medicina No seu e-mail.

Acompanhe todas as novidades, dicas, notícias e curiosidades do mundo da medicina no seu email.

*Ao enviar seus dados, você concorda em receber comunicações da Melhores Escolas Médicas e nossos parceiros. Você pode cancelar a inscrição a qualquer momento. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.