O Ministério da Educação aprovou, em setembro de 2025, as novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos de Medicina. A resolução redefine a formação médica no Brasil com três grandes eixos, como contato dos estudantes com a atenção primária desde os primeiros períodos, integração obrigatória ao Sistema Único de Saúde (SUS) e criação do Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed).
De acordo com o MEC, as novas diretrizes reforçam a integração ao SUS, permitindo aos estudantes vivenciarem a prática médica logo no início do curso a partir do acompanhamento na atenção primária.
Em nota, Alexandre Padilha, ministro da Saúde, destacou o avanço das diretrizes. “Não tenho dúvida nenhuma de que estamos dando um grande salto com essas novas diretrizes curriculares, um avanço que se soma aos esforços liderados pelo Ministério da Educação na formação dos profissionais do nosso sistema de saúde”, destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Esta é a primeira atualização das DCNs em quase dez anos, período marcado por expansão acelerada de cursos de Medicina. Segundo o MEC, as novas diretrizes surgem para estabelecer padrões de qualidade e alinhar a formação médica às necessidades sociais, reforçando o vínculo entre universidades e SUS como eixo central da formação.
Formação prática desde o início com as novas diretrizes para o curso de Medicina
As novas diretrizes para Medicina exigem que a prática médica comece nos primeiros semestres. O percurso do estudante será progressivo: inicia na atenção primária, passa pela média complexidade e chega às áreas de maior complexidade, como unidades de terapia intensiva, emergência e cirurgia.
Além do aprendizado em campo, os cursos deverão oferecer laboratórios de simulação clínica e programas permanentes de mentoria. A expectativa é que os estudantes desenvolvam competências em prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação, ao mesmo tempo em que constroem autonomia e senso de responsabilidade social.
Enamed – a prova nacional de Medicina

Outra novidade é o Enamed, que será aplicado no 4º ano, antes do internato, além do 6º ano. A prova terá 100 questões de múltipla escolha e cobrará competências em clínica médica, cirurgia geral, pediatria, ginecologia e obstetrícia, saúde mental, saúde coletiva e atenção primária. O objetivo é padronizar a formação em todo o país e identificar deficiências no percurso acadêmico.
Cursos com desempenho insuficiente poderão sofrer acompanhamento especial, receber visitas in loco do MEC e, em casos persistentes, enfrentar sanções. Para os estudantes, o Enamed funcionará como um marco de verificação, mostrando se estão preparados para os estágios práticos mais intensos.
A primeira edição do Enamed acontece já em 2025. As provas serão aplicadas em 19 de outubro. Confira aqui o edital do Enamed.
Inclusão, diversidade e tecnologia no curso de Medicina
As novas diretrizes reforçam políticas de inclusão e apoio aos estudantes. Núcleos de saúde mental, programas de mentoria e iniciativas de diversidade passam a ser obrigatórios, visando reduzir o adoecimento mental e garantir equidade na formação.
O currículo também incluirá conteúdos relacionados à inteligência artificial, análise de dados, mudanças climáticas e sustentabilidade, preparando os futuros médicos para desafios globais e o uso da tecnologia no cuidado clínico, sem comprometer a dimensão humana da prática médica.
Cursos mal avaliados sofrerá punições
Com a implementação das novas DCNs, o MEC espera transformar a experiência acadêmica e a relação entre universidade e sociedade. O contato precoce com a atenção primária aproxima os futuros médicos das comunidades, fortalece a medicina preventiva e amplia a capacidade de resposta a doenças crônicas.
O MEC anunciou que cursos mal avaliados a partir de 2026 terão acompanhamento rigoroso e poderão sofrer penalidades, incluindo fechamento. A medida busca corrigir distorções da última década, quando a expansão acelerada de vagas não foi acompanhada por qualidade proporcional.
O novo modelo privilegia prática desde o início, fortalecimento do SUS, atenção à saúde mental e integração de tecnologias emergentes. Para os estudantes, significa uma formação mais conectada à realidade do país; para a sociedade, médicos mais preparados, inclusivos e capazes de atender às demandas da população.