O que antes soava como ficção científica, hoje já é uma realidade palpável em hospitais e clínicas. A inteligência artificial (IA) está progressivamente transformando o cotidiano da medicina.
Na cirurgia plástica, seus impactos são diretos e visíveis no diagnóstico, no planejamento cirúrgico e, fundamentalmente, na segurança dos pacientes. “Estamos vivenciando uma mudança de paradigma: da medicina reativa para uma abordagem preditiva e personalizada, baseada em dados reais e em tempo real”, afirma a cirurgiã plástica Isabel de Figueiredo, autora do livro “Medicina do Amanhã”.
Rumo à medicina preditiva e personalizada
Segundo a Dra. Figueiredo, a principal força da IA reside em sua capacidade de processar e interpretar grandes volumes de dados clínicos e imagens em segundos.
Isso amplia a precisão diagnóstica e orienta decisões médicas mais assertivas. “Isso significa cirurgias mais planejadas, menos riscos e tratamentos mais adequados a cada paciente”, explica ela.
Portanto, a tecnologia surge como uma poderosa aliada do bisturi, mas não como sua substituta.
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Tecnologia em ação: da simulação ao pós-operatório
Na prática clínica, a IA já se manifesta em diversas etapas da cirurgia plástica. Por exemplo, softwares de simulação auxiliam na visualização dos resultados de procedimentos. Além disso, algoritmos analisam padrões de envelhecimento, indicando abordagens estéticas mais eficazes.
Existem também aplicações que utilizam visão computacional e realidade aumentada durante as cirurgias. Ademais, ferramentas acompanham a recuperação e cicatrização no pós-operatório.
Contudo, a médica ressalta: “A IA deve ser vista como uma aliada. O contato humano, a escuta ativa, a empatia isso segue sendo insubstituível”. Fora do centro cirúrgico, a automação de tarefas administrativas também tem sido um benefício, devolvendo aos profissionais tempo que antes era consumido por burocracias. Esse tempo, conforme a especialista, pode agora ser reinvestido no cuidado direto ao paciente.
Desafios éticos e a urgência da capacitação
Apesar dos avanços notáveis, o uso responsável da IA ainda enfrenta desafios importantes. Especialmente no campo da formação médica, a necessidade de adaptação é premente.
“A maioria dos profissionais da saúde não foi preparada para lidar com algoritmos. A alfabetização em IA precisa avançar rapidamente”, alerta a Dra. Isabel, que, inclusive, desenvolveu um curso para a capacitação prática de médicos nesse novo cenário.
Portanto, ela também defende um debate mais profundo sobre a regulação dessas tecnologias. “Precisamos garantir que os algoritmos sejam justos, auditáveis e respeitem a privacidade dos pacientes. A LGPD é um marco, mas estamos apenas começando essa conversa.”
IA em debate e a essência do cuidado médico
O uso da inteligência artificial na cirurgia plástica foi, recentemente, um dos temas centrais da 40ª Jornada Sul-Brasileira de Cirurgia Plástica, realizada entre 15 e 17 de maio de 2025, em Florianópolis.
O evento reuniu especialistas de todo o país, os quais debateram os impactos da tecnologia no futuro da medicina e no cotidiano dos consultórios.
Apesar de se mostrar otimista com as inovações, Dra. Isabel de Figueiredo destaca que o essencial permanece. “Vejo um futuro em que cada paciente terá um plano de tratamento totalmente individualizado. Mas, acima de qualquer tecnologia, o que continua fazendo a diferença é a escuta. A empatia ainda é e sempre será a melhor ferramenta médica.”
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