Instituída no Brasil em 1977, a Residência Médica é mundialmente reconhecida como a forma mais adequada – e única, em muitos países – de formação de médicos especialistas. Trata-se de uma modalidade de ensino de pós-graduação destinada a médicos, na forma de curso de especialização, caracterizada por treinamento em serviços sob responsabilidade de instituições de saúde (universitárias ou não), com a orientação de profissionais médicos de elevada qualificação ética e profissional. Ao final do programa de RM, o médico recebe automaticamente o título de especialista.
De acordo com a pesquisa Demografia Médica 2020, realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com o apoio institucional do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), dentre os 53.776 médicos residentes em 2019, a maioria era formada de mulheres (55%), o que reflete a tendência de feminização da Medicina no Brasil. A maior parte (58,4%) tinha entre 25 e 29 anos, faixa que concentra uma proporção maior de mulheres. Os profissionais que têm de 30 a 34 anos representam 30% do total, sendo a maioria deles homens.
Ainda segundo a pesquisa Demografia Médica 2020, quanto à distribuição dentro dos estados, 67,9% dos residentes se concentram nas capitais, enquanto 36,1% estão cursando a RM em programas no interior dos estados. Dos 53.776 médicos residentes em formação em 2019, 43%, cursavam programas em quatro especialidades:
- Clínica Médica;
- Pediatria;
- Cirurgia Geral (incluindo residentes do Programa de Pré-Requisito em Área Cirúrgica Básica);
- Ginecologia e Obstetrícia.
Já os programas com menor número de residente são:
- Angiologia;
- Medicina de Tráfego;
- Homeopatia;
- Nutrologia;
- Acupuntura
É obrigatório fazer a RM? Como é a prova?
O Médico recém-formado não é obrigado a fazer a residência médica. Faz residência quem quer se especializar. Caso não faça, o médico não pode se declarar especialista. A aprovação em uma RM requer muito estudo. O processo seletivo é feito em três etapas:
- A primeira etapa da seleção consiste em uma prova teórica, com cerca de cem questões sobre assuntos estudados ao longo do curso: clínica médica, pediatria, cirurgia, ginecologia e obstetrícia e medicina social. Essa prova representa 90% da avaliação;
- A segunda etapa é a análise de currículo;
- A terceira etapa é a entrevista pessoal.
Qual o tempo médio de duração?
O ingresso em programas de RM credenciados se dá mediante processo seletivo e chamamento público. A duração dos programas varia de dois a cinco anos. A especialização em determinadas áreas de atuação pode acrescentar um ou mais anos em alguns programas. O financiamento da RM no Brasil é majoritariamente público.
São concedidas bolsas mensais (valor bruto de R$ 3.330,43 em 2020), em regime especial de treinamento em serviço de 60 horas semanais. As bolsas de RM podem ser custeadas por múltiplas fontes.
O Ministério da Saúde, principal financiador, aloca recursos em bolsas vinculadas a políticas dirigidas ao SUS, como o Programa Nacional de Apoio à Formação de Médicos Especialistas em Áreas Estratégicas (Pró-Residência), enquanto o MEC financia bolsas de hospitais universitários federais.
As secretarias estaduais da saúde são a segunda principal fonte financiadora de RM, mas também há bolsas pagas por municípios, hospitais filantrópicos e hospitais privados.