Dia das mulheres: a importância das mulheres na Medicina

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mulheres na Medicina

Escrito por:

Karla Thyale Mota

O dia 8 de março é uma celebração à luta feminina pelo reconhecimento e fortalecimento dos seus direitos. A data foi criada em homenagem a todas as mulheres do mundo, mas também é uma forma de relembrar um conjunto de movimentos feministas que ocorreram no final do século 19 e início do século 20.

Na área médica, as mulheres também fizeram história. A trajetória das mulheres na Medicina é marcada por ocupação de espaços que tradicionalmente eram predominantemente masculinos.

Como surgiu a data?

Uma das histórias mais comentadas e relacionadas a criação da data, foi o triste incêndio ocorrido na fábrica têxtil Triangle Shirtwaist Company, em Nova York no ano de 1911. Dois anos antes do incêndio, as mulheres que trabalhavam na fábrica haviam feito uma greve reivindicando melhores condições de trabalho. 

Naquela época, elas enfrentavam jornadas de trabalho exaustivas. Chegando a 14 horas por dia e ultrapassando frequentemente as 60 horas semanais, recebiam uma remuneração de apenas 6 a 10 dólares. Em 25 de março daquele mesmo ano, a fábrica pegou fogo, matando 129 mulheres.

Esses movimentos ocorreram em prol de melhorias nas condições de trabalho às quais as mulheres eram submetidas. Hoje, este dia é celebrado em mais de 100 países como um momento dedicado à luta pela igualdade de gênero, para celebrar conquistas. Além disso, também é uma forma de exigir direitos e homenagear as mulheres que foram vítimas de violência.

Oficialização do dia 8 de março

Em 1975, a ONU oficializou a data de 8 de março como o Dia Internacional das Mulheres. No entanto, essa data nasceu do conjunto de movimentos realizados pelas mulheres que buscavam por mais direitos e equidade na sociedade.

Esta decisão foi um marco importante, simbolizando o compromisso global com a promoção dos direitos das mulheres e o reconhecimento de suas contribuições para a sociedade em todas as esferas. 

Existem 4 marcos históricos importantes para a criação da data:

1. Protesto em Nova York (26 de fevereiro de 1909): 

Conhecido como o “Dia da Mulher do Pão e das Rosas”, este evento foi organizado por trabalhadoras da indústria têxtil, em sua maioria imigrantes, que lutavam por melhores condições de trabalho e salários justos.

Durante o protesto, as mulheres marcharam pelas ruas da cidade, clamando por dignidade e igualdade no ambiente de trabalho. Este evento foi um dos marcos que impulsionaram o movimento pelos direitos das mulheres e serviu como inspiração para futuras ações de ativismo feminino ao redor do mundo.

2. Alemã Clara Zetkin propõe a criação de um dia das mulheres (1910)

Em 1910, a líder socialista alemã Clara Zetkin fez uma proposta revolucionária durante a Segunda Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, realizada em Copenhague, Dinamarca. Zetkin propôs a instituição de um dia internacional das mulheres, onde mulheres de diferentes nações se uniriam em solidariedade para lutar por seus direitos e pela igualdade de gênero.

Esta proposta foi amplamente aclamada e aprovada por todas as participantes da conferência. Assim, o Dia Internacional da Mulher foi oficialmente estabelecido, e desde então tem sido celebrado como um símbolo da luta das mulheres por justiça social, direitos iguais e emancipação em todo o mundo.

3. Incêndio em fábrica de Nova York (1911)

Em 25 de março de 1911, um dos mais trágicos eventos da história industrial ocorreu na cidade de Nova York: o incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist Company. Este desastre resultou na morte de 129 trabalhadoras, a maioria mulheres imigrantes de origem italiana e judaica. As portas trancadas para evitar pausas no trabalho e as condições de segurança precárias foram fatores cruciais que contribuíram para a rápida propagação do fogo e para o elevado número de vítimas.

Este evento terrível provocou indignação pública e levou a importantes reformas trabalhistas e de segurança em todo o país, além de fortalecer o movimento pelos direitos das trabalhadoras e pela melhoria das condições de trabalho em geral. 

4. Russas vão às ruas contra a guerra (1917)

Em 8 de março de 1917, na Rússia, um dos eventos mais significativos da história mundial ocorreu quando um grande número de mulheres saiu às ruas de Petrogrado para protestar contra as condições de vida precárias e exigir o fim da participação russa na Primeira Guerra Mundial. Este protesto ficou conhecido como “O Dia Internacional da Mulher de 1917”.

As manifestantes, em sua maioria trabalhadoras de fábricas, foram acompanhadas por soldados que se recusaram a reprimir os protestos. Este evento marcou o início da Revolução Russa de 1917, que culminou na queda do czar e na ascensão ao poder do governo provisório e, posteriormente, dos bolcheviques liderados por Vladimir Lenin. As mulheres desempenharam um papel crucial nesses acontecimentos, mostrando sua força e determinação na busca por mudanças sociais e políticas na Rússia e além.

As mulheres e a Medicina

Desde a sua criação, o 8 de março tem sido comemorado anualmente como uma ocasião para refletir sobre as conquistas alcançadas, conscientizar sobre desafios persistentes e reafirmar o compromisso de continuar lutando por um mundo mais justo e igualitário para todas as mulheres.

Na área da Medicina, diversas mulheres deixaram um legado marcante, transformando o campo da saúde e contribuindo significativamente para o seu avanço. Seja por meio de descobertas científicas pioneiras, liderança em instituições de pesquisa ou prática clínica exemplar, essas mulheres desempenharam um papel crucial na melhoria e progresso da saúde em todo o mundo.

Por isso, selecionamos 4 mulheres que transformaram a história da Medicina no mundo para você se inspirar:

Rita Lobato Velho Lopes – a primeira médica brasileira

Rita Lobato foi a primeira médica do Brasil e fez história dentro de um contexto majoritariamente masculino na sua época. Nascida no Rio Grande do Sul, Rita começou seus estudos na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Transferindo-se para  Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia logo no segundo ano. Mais tarde, em 1887, se formou ao defender a tese “Paralelo entre os métodos preconizados na operação cesariana. Essa conquista foi um marco importante em uma época em que poucas mulheres tinham acesso à educação superior e menos ainda à prática médica.

Em sua trajetória acadêmica e profissional, Rita enfrentou inúmeras dificuldades e preconceitos, mas sua determinação e talento a levaram a se tornar uma médica respeitada. Ela dedicou sua carreira ao atendimento de mulheres e crianças, enfatizando a importância da saúde materna e infantil em uma época em que os cuidados médicos nessas áreas eram frequentemente negligenciados.

Além disso, Rita também foi uma defensora dos direitos das mulheres e da educação médica feminina. Ela lutou por melhores condições de trabalho para as mulheres na medicina e inspirou muitas outras a seguir seus passos. Ou seja, seu legado perdura como um símbolo de coragem, pioneirismo e dedicação ao serviço da saúde e do bem-estar da população brasileira.

Gerty Cori – primeira mulher a receber um prêmio Nobel de Medicina

Gerty Theresa Cori foi a primeira mulher a receber o prêmio Nobel de Medicina. Ela desempenhou um papel crucial na história da medicina, especialmente no campo da bioquímica e fisiologia, reconhecida por suas descobertas pioneiras sobre a diabetes.

Além de suas contribuições científicas, foi uma figura inspiradora para as mulheres na ciência, especialmente em uma época em que poucas mulheres estavam envolvidas em pesquisa biomédica. Sua dedicação ao avanço do conhecimento científico e sua influência como modelo a seguir para futuras gerações de cientistas destacam sua importância duradoura para a área médica e para a causa da igualdade de gênero na ciência.

Françoise Barré-Sinoussi – responsável pela descoberta do vírus HIV

Françoise Barré-Sinoussi é uma renomada virologista francesa que desempenhou um papel fundamental na história da medicina, especialmente no combate ao HIV/AIDS. Reconhecida por sua contribuição crucial para a identificação do vírus da imunodeficiência humana (HIV), vírus responsável pela AIDS.

Em 1983, Barré-Sinoussi isolou e identificou pela primeira vez o HIV como o agente causador da AIDS. Sua descoberta revolucionária abriu caminho para uma melhor compreensão da doença. Levando ao desenvolvimento de testes de diagnóstico mais precisos e, eventualmente, ao desenvolvimento de terapias antirretrovirais eficazes.

Por sua contribuição pioneira, Françoise Barré-Sinoussi recebeu inúmeros prêmios e reconhecimentos. Incluindo o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 2008, juntamente com Luc Montagnier, pela descoberta do HIV. Seu trabalho salvou inúmeras vidas ebém mudou fundamentalmente a forma como a medicina aborda e trata doenças virais.

Jaqueline Goes – responsável por sequenciar o genoma da Covid-19

Jaqueline Goes é uma renomada cientista brasileira. Foi uma das líderes responsáveis por sequenciar o genoma do Sars-CoV-2 apenas dois dias após o registro do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, em 2020. Como pós-doutoranda no Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Universidade de São Paulo (USP), ela tem se destacado por suas contribuições significativas no campo da virologia.

Além de seu papel crucial no sequenciamento do novo coronavírus, Jaqueline dedica-se a pesquisas abrangentes sobre arboviroses emergentes. Entre seus projetos notáveis está o estudo do vírus zika, no qual vem realizando um extenso trabalho de mapeamento genômico. 

A busca pelos Direitos

No dia 8 de março, dedicamos nossa atenção à batalha contínua das mulheres pelo reconhecimento e fortalecimento de seus direitos. Ao longo da história, as mulheres têm persistido na busca pela equidade e justiça, sempre almejando respeito e reconhecimento pelo seu trabalho. Este dia, marcado pela história e pelos movimentos sociais das mulheres, é um símbolo de sua resiliência, incluindo seu impacto significativo na história da medicina.

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