A peste negra, doença histórica causada pela bactéria Yersinia pestis, voltou a chamar atenção em agosto de 2025 nos EUA, quando um morador do condado de El Dorado, na Califórnia, testou positivo para a infecção.
As autoridades de saúde do local confirmaram que um morador contraiu a peste após acampar em uma área onde roedores silvestres circulavam. Segundo o comunicado oficial, a transmissão ocorreu por meio da picada de uma pulga infectada. O paciente recebeu tratamento imediato com antibióticos e segue em recuperação.
O episódio reacende a preocupação com uma doença que marcou a história como uma das maiores catástrofes sanitárias da humanidade. No século XIV, a peste negra matou entre 25 e 50 milhões de pessoas na Europa, chegando a dizimar metade da população do continente. Hoje, porém, a doença apresenta uma realidade completamente diferente e controlável, mas ainda presente em nichos ambientais específicos.
Caso não é inédito
O episódio não surpreendeu especialistas. Desde 2021, mais de 40 roedores infectados foram identificados na região de Tahoe, segundo monitoramento das autoridades locais. Em 2025, quatro novos animais testaram positivo para a bactéria antes mesmo do caso humano.
O último registro em El Dorado havia ocorrido em 2020, e antes disso, dois casos surgiram em 2015, na área do Parque Nacional de Yosemite. Em todos os episódios, os pacientes sobreviveram graças ao diagnóstico precoce e ao acesso ao tratamento adequado.

O que é a peste negra e como se espalha
A peste negra é uma doença infecciosa potencialmente fatal causada pela bactéria Yersinia pestis. A doença leva este nome por provocar gangrena e escurecimento das partes do corpo.
Causada pela transmissão de animais, especificamente, nas pulgas de roedores. Nos Estados Unidos, principalmente nos estados do oeste, como Califórnia, Novo México, Arizona e Colorado, a bactéria ainda circula nas pulgas de esquilos, tatus e outros pequenos animais.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) registra, em média, sete casos humanos por ano no país, geralmente ligados a atividades ao ar livre em áreas rurais ou de montanha.
A transmissão ocorre principalmente pela picada de pulgas infectadas, mas também pode acontecer pelo contato com tecidos ou fluidos de animais doentes, quando ocorre na forma pneumônica da doença.
Sintomas da Peste Negra
De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas da peste negra variam conforme a forma clínica da doença. Existem três apresentações principais: a bubônica, septicêmica e pneumônica, cada uma com características próprias.
Peste Bubônica (a mais comum)
Provocada pela infecção dos linfonodos, órgãos de defesa do organismo, a peste bubônica é marcada pelo surgimento dos bubões (inchaços dolorosos dos gânglios linfáticos). Os principais sinais são:
- febre alta e calafrios;
- dor de cabeça intensa e dores generalizadas;
- náuseas, vômitos e falta de apetite;
- confusão mental e mal-estar;
- olhos avermelhados;
- pulso acelerado e pressão baixa.
Peste Septicêmica
Forma mais grave da doença, ocorre quando a bactéria invade a corrente sanguínea. Além dos sintomas semelhantes aos da forma bubônica, pode provocar:
- dificuldade para respirar e falar;
- queda acentuada da pressão arterial;
- hemorragias e necrose dos membros;
- falência de órgãos;
- coma e morte, em casos sem tratamento rápido.
Peste Pneumônica
A Pneumônica é a forma mais letal e transmissível entre pessoas, atinge diretamente os pulmões. Os sintomas incluem:
- febre alta e calafrios;
- tosse com sangue;
- dificuldade respiratória severa;
- dor no peito.
Sem tratamento imediato com antibióticos, a peste pneumônica pode levar ao óbito em poucos dias.
De acordo com a médica Olyvia Spontan, os sintomas aparecem em poucos dias. “Entre o momento da infecção e o início dos sintomas, há um período de incubação de 2 a 3 dias, podendo chegar a 6. A forma bubônica da doença corresponde a praticamente 100% dos casos e seu sintoma mais clássico são os “bubões”, inchaço e dor intensos nos linfonodos, órgãos de defesa contra infecções que causam as famosas ‘ínguas’”, explica.
Em alguns casos, a peste pode ocasionar o enegrecimento da pele, as famosas ‘gangrenas’. “Algumas vezes, também ficam enegrecidos, de onde surge o nome peste negra. Além disso, há os sintomas sistêmicos como febre alta e mal-estar geral”, afirma.
A peste negra tem cura?
Sim. A peste negra tem cura e responde bem aos antibióticos. Quando administrados precocemente após o início dos sintomas, os medicamentos reduzem significativamente o risco de complicações e morte.
Os especialistas recomendam medidas práticas para reduzir o risco de contato com a peste em áreas endêmicas, como evitar o manuseio de roedores silvestres, manter distância de tocas e carcaças, usar repelentes e roupas que cubram braços e pernas ao acampar são estratégias eficazes.
A doença hoje
Embora a peste negra não represente mais uma ameaça global como na Europa medieval, o registro de casos isolados, como o da Califórnia, lembra que a bactéria ainda circula em nichos ambientais específicos.
O controle moderno se baseia em vigilância epidemiológica, acesso a antibióticos e educação pública, recursos que no passado não estavam disponíveis, mas que hoje permitem enfrentar a doença com sucesso.
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