Mais de oito em cada dez estudantes de Medicina no estado de São Paulo (SP) se declaram brancos. É o que revela a Demografia Médica do Estado de São Paulo 2026, levantamento conduzido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em parceria com a Associação Paulista de Medicina (APM). Segundo o estudo, 84,5% dos alunos se identificavam como brancos em 2024, enquanto apenas 12,6% se declaravam negros (soma de pretos e pardos).
A análise considera dados do Censo da Educação Superior entre 2015 e 2024 e mostra que, apesar de mudanças graduais ao longo da última década, o perfil racial dos cursos de Medicina paulistas permanece significativamente distinto do cenário nacional.
Perfil racial mantém hegemonia branca
Em 2024, a distribuição racial dos estudantes de Medicina em SP era composta por 84,5% de brancos, 12,6% de negros, 2,7% de estudantes amarelos e 0,2% de indígenas. A série histórica analisada indica que a hegemonia de estudantes brancos se mantém ao longo de todo o período.
Entre 2015 e 2024, a participação relativa desse grupo caiu apenas 2,5 pontos percentuais, sinalizando que a transformação do perfil racial ocorre de forma lenta. Ainda que haja avanço na diversidade, os dados mostram que a mudança está longe de representar uma alteração estrutural no sistema de formação médica do estado.
Diferença em relação ao cenário nacional
Quando comparado ao Brasil como um todo, São Paulo apresenta um perfil ainda mais concentrado. Em nível nacional, os dados mais recentes da Demografia Médica indicam que, em 2023, 68,6% dos estudantes de Medicina se declaravam brancos e 29,2% negros.
A discrepância evidencia que os cursos paulistas são mais homogêneos do ponto de vista racial do que a média nacional, não acompanhando, na mesma proporção, a diversidade observada no conjunto do país.
Crescimento numérico não altera a proporção
Em números absolutos, o levantamento aponta crescimento expressivo do total de estudantes negros matriculados nos cursos de Medicina em SP. Em 2015, eram 1.433 alunos; em 2024, o número chegou a 6.824.
No entanto, apesar do aumento, a participação relativa desse grupo passou de 8% para 12,6% no período. O avanço ocorre em paralelo à expansão geral das vagas no estado, o que mantém os estudantes negros como parcela minoritária do total de matriculados.
Estudantes amarelos e indígenas seguem com baixa representação
Entre os demais grupos raciais, as mudanças foram ainda mais discretas. Os estudantes amarelos apresentaram redução proporcional de 2,2 pontos percentuais ao longo da série histórica.
Já os indígenas registraram crescimento mínimo, de apenas 0,1 ponto percentual, permanecendo abaixo de 1% do total de alunos.
Diferenças entre ensino público e privado
A análise por tipo de instituição revela contrastes relevantes. Em 2015, os estudantes negros representavam 10,2% das matrículas nas instituições públicas e 7,4% nas privadas. Em 2024, essa proporção subiu para 23,2% no ensino público, enquanto no setor privado chegou a 11,6%.
Os dados indicam maior presença de estudantes negros nas escolas médicas públicas, acompanhada pela redução proporcional de alunos brancos e pelo aumento de estudantes pardos. No ensino privado, a mudança ocorre de forma mais lenta.
Origem escolar dos estudantes

O estudo também aponta transformações no perfil de procedência escolar dos alunos. Entre 2014 e 2024, a participação de estudantes oriundos de escolas privadas caiu de 75,5% para 65,4%. No sentido oposto, os alunos vindos da rede pública passaram a representar 34,6% do total.
A tendência sugere mudanças graduais no perfil socioeducacional dos estudantes de Medicina em SP, associadas à expansão das vagas e à adoção de diferentes mecanismos de acesso, especialmente nas instituições públicas.
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Retrato estatístico sem caráter prescritivo
A Demografia Médica do Estado de São Paulo 2026 trata os dados de forma estritamente descritiva, sem atribuir causas específicas ou projetar cenários futuros. O levantamento traça um retrato estatístico do ensino médico paulista, marcado pela predominância de estudantes brancos e por mudanças graduais na composição racial ao longo da última década.
Nesse contexto, o estudo se consolida como um instrumento de leitura e acompanhamento de tendências da formação médica no estado, sem caráter normativo ou prescritivo.
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