Presença de negros na Medicina cresce, mas desafios e desigualdades continuam

Avanços na representatividade: Mais médicos negros enriquecem a Medicina no Brasil, mas a luta por igualdade e contra desafios persistentes continua.

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Escrito por:

Stephanie Freitas
Estagiária em Jornalismo.

A presença de estudantes negros nos cursos de Medicina no Brasil tem aumentado nos últimos anos, mas a desigualdade racial ainda é evidente. De acordo com o estudo Demografia Médica no Brasil 2025, divulgado em 30 de abril, 29,2% dos alunos de Medicina se declaram negros, enquanto 68,6% são brancos.

Entre 2017 e 2023, o número de estudantes negros (pretos e pardos) em cursos de Medicina dobrou, passando de 34.342 para 69.498. Esse crescimento, em grande parte, às políticas públicas de inclusão, como o sistema de cotas raciais e sociais nas universidades federais e estaduais. Iniciativas voltadas para garantir o acesso de grupos historicamente excluídos do ensino superior têm contribuído para transformar, ainda que lentamente, o perfil dos cursos mais concorridos, como Medicina.

No entanto, especialistas apontam que o avanço ainda não é suficiente para corrigir décadas de exclusão e desigualdade. A permanência no curso também é um desafio para muitos estudantes negros, que frequentemente enfrentam dificuldades financeiras, racismo estrutural e falta de representatividade nos espaços acadêmicos.

Esses obstáculos mostram que apenas o acesso não basta: é preciso garantir condições equitativas para a formação e o sucesso desses alunos.

A participação de estudantes negros nos cursos de Medicina no Brasil tem aumentado nos últimos anos

Diferenças entre instituições públicas e privadas

Apesar do crescimento, a distribuição de estudantes negros varia significativamente entre instituições públicas e privadas. Nas universidades públicas, 44,4% dos estudantes de Medicina são negros, enquanto nas instituições privadas esse percentual cai para 24,5%.

Comparação com outros cursos superiores

A representatividade negra na Medicina ainda é menor do que em outros cursos superiores. Por exemplo, no curso de Direito, 44,8% dos alunos são negros, e em Engenharia Civil, 45,8%. Na área da saúde, o curso de Enfermagem apresenta maior diversidade racial, com 41,5% de estudantes pardos, 9,9% pretos e 45,9% brancos.

Perfil do estudante de Medicina no Brasil

O estudo também traçou o perfil médio do estudante de Medicina no país. A maioria é branca, do sexo feminino, tem menos de 24 anos e concluiu o ensino médio em escola particular. 

Desafios persistentes na inclusão racial

Embora haja avanços na inclusão de estudantes negros na Medicina, desafios persistem. A presença de médicos negros no Brasil ainda é baixa. Dados de 2023 indicam que, entre os médicos brasileiros, apenas 3% se declaram pretos, 24% pardos e 70% brancos. 

Importância de políticas afirmativas

Especialistas destacam a importância de políticas afirmativas, como a Lei de Cotas, para promover a inclusão racial no ensino superior. A médica Úrsula Burgos ressalta que, embora a equidade racial ainda esteja distante, o acesso de negros aos cursos universitários, incluindo Medicina, aumentou significativamente após a implementação da Lei de Cotas.

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