A Nefrologia é uma especialidade médica voltada para o estudo, diagnóstico e tratamento clínico das doenças que afetam os rins. Ela tem papel essencial na preservação da função renal e no cuidado de pacientes com doenças crônicas complexas. Para médicos que desejam uma área com alta demanda, contato próximo com pacientes e atuação clínica especializada, a Nefrologia pode ser uma excelente escolha.
Essa especialidade trata de doenças do sistema urinário, especialmente dos rins. A especialidade contempla desde o tratamento de distúrbios eletrolíticos até o acompanhamento de pacientes em diálise e pós-transplante renal.
Breve histórico
A especialidade começou a se consolidar na área médica na metade do século XX, impulsionada por avanços significativos no entendimento das doenças renais e no desenvolvimento de terapias de suporte à vida, como a hemodiálise. A criação da primeira máquina de diálise por Willem Kolff (1911-2009), na década de 1940, foi um marco fundamental.
Nas décadas seguintes, o progresso na realização de transplantes renais e no controle da rejeição imunológica transformou radicalmente o prognóstico de pacientes com insuficiência renal crônica. Assim, a Nefrologia ganhou espaço como área essencial da medicina moderna, voltada para o cuidado integral de pacientes com doenças renais agudas e crônicas, distúrbios eletrolíticos e hipertensão arterial.
Importância da especialidade na medicina
A Nefrologia é fundamental para a prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças renais, que afetam milhões de pessoas no mundo e estão diretamente ligadas a condições como diabetes e hipertensão. Dessa forma, como os rins desempenham funções vitais, como filtração do sangue, equilíbrio de eletrólitos, regulação da pressão arterial e produção de hormônios, qualquer disfunção pode comprometer gravemente a saúde do paciente.
Outrossim, o aumento da incidência de Doença Renal Crônica (DRC) torna a atuação do nefrologista cada vez mais estratégica, tanto no âmbito da atenção primária quanto nos serviços de alta complexidade, incluindo hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal. A especialidade também tem papel central no cuidado multidisciplinar de pacientes com doenças sistêmicas e crônicas.
O que faz o especialista em Nefrologia
Esse profissional atua em diversas frentes, incluindo:
- Diagnóstico e tratamento clínico das doenças renais, como insuficiência renal aguda ou crônica, glomerulonefrites e nefrites intersticiais;
- Acompanhamento de pacientes com Doença Renal Crônica (DRC), desde os estágios iniciais até a necessidade de terapia renal substitutiva;
- Indicação e manejo de terapias dialíticas, como hemodiálise e diálise peritoneal, em ambientes ambulatoriais ou hospitalares;
- Cuidados pré e pós-operatórios de pacientes submetidos ao transplante renal, incluindo controle de imunossupressores e prevenção de rejeição;
- Tratamento de distúrbios hidroeletrolíticos e do equilíbrio ácido-base, como hiponatremia, hipercalemia, acidose metabólica, entre outros;
- Investigação e tratamento de hipertensão arterial de difícil controle, especialmente quando associada a causas renais secundárias.
Rotina da Nefrologia
A rotina do nefrologista é bastante variada e envolve tanto o atendimento ambulatorial quanto as atividades hospitalares. É uma especialidade clínica que permite o acompanhamento contínuo de pacientes, especialmente aqueles com doenças crônicas.
No consultório ou ambulatório, o nefrologista acompanha casos de Doença Renal Crônica (DRC), hipertensão resistente, distúrbios hidroeletrolíticos e glomerulopatias, realizando avaliações regulares, exames laboratoriais e ajustes terapêuticos.
Nos hospitais e unidades de terapia intensiva, esse especialista atua no manejo de pacientes críticos com insuficiência renal aguda, sepse, choque ou uso de medicamentos nefrotóxicos. Nesses cenários, ele é frequentemente acionado para avaliações rápidas e decisões clínicas importantes, como a necessidade de iniciar diálise de urgência.
Já nas clínicas de diálise, o nefrologista supervisiona sessões de hemodiálise e diálise peritoneal, avaliando o estado clínico dos pacientes, controlando complicações e orientando a equipe de enfermagem.
A carga horária e o estilo de vida do nefrologista variam conforme o local de atuação. Em clínicas de diálise, por exemplo, o trabalho tende a seguir uma rotina mais programada e com horários fixos. Já em hospitais, a rotina pode incluir plantões, visitas diárias e chamadas emergenciais, o que exige flexibilidade e agilidade nas decisões clínicas.
Principais dificuldades do dia a dia
A Nefrologia é uma especialidade médica desafiadora, e um dos principais obstáculos enfrentados no dia a dia está relacionado ao cuidado de pacientes crônicos. Muitos deles apresentam múltiplas comorbidades, como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares, o que torna o manejo clínico mais complexo.
Cabe ressaltar também que, a adesão ao tratamento costuma ser uma dificuldade constante, especialmente em pacientes em diálise ou em estágio avançado da Doença Renal Crônica (DRC), que exigem mudanças significativas no estilo de vida.
No ambiente hospitalar, a demanda por avaliações rápidas de pacientes graves, como aqueles com insuficiência renal aguda em unidades de terapia intensiva, exige decisões rápidas e de alto impacto. Dessa forma, cumpre destacar também que, há sobrecarga de trabalho em algumas instituições, com número reduzido de especialistas para atender a um volume elevado de pacientes.
Para arrematar, a limitação de recursos também é uma dificuldade comum, especialmente em serviços públicos. Essas limitações solicitam do nefrologista não só conhecimento técnico, mas também empatia, resiliência e capacidade de exercer de forma estratégica dentro do sistema de saúde.
Residência médica em Nefrologia

Acesso direto e pré-requisito
A residência médica em Nefrologia não é de acesso direto. Para ingressar nessa especialidade, é necessário ter concluído previamente uma residência em Clínica Médica. Somente após essa formação o médico pode prestar prova para os programas de Nefrologia.
Esse pré-requisito é essencial porque a Nefrologia exige uma base sólida em clínica geral, já que o nefrologista lida com pacientes complexos, com múltiplas comorbidades e em diferentes níveis de gravidade clínica, incluindo terapia intensiva, doenças sistêmicas e acompanhamento ambulatorial de longo prazo.
Duração
A residência médica em Nefrologia tem duração de 2 anos. Esse período é voltado exclusivamente para a formação prática e teórica na especialidade, após a conclusão da residência prévia em Clínica Médica (que também tem 2 anos). Ou seja, para se tornar nefrologista, o médico passa por um total de 4 anos de residência médica: dois anos de Clínica Médica + dois anos de Nefrologia.
Concorrência por Vaga
A Nefrologia, apesar de ser uma especialidade fundamental e com grande demanda no sistema de saúde, geralmente apresenta baixa concorrência em comparação com outras áreas clínicas. Em muitos concursos de residência médica, a relação candidato/vaga fica entre 1 e 3 candidatos por vaga, variando conforme a instituição e o ano.
Essa baixa concorrência está relacionada a alguns fatores, como:
- A complexidade e a carga emocional envolvida no cuidado de pacientes crônicos e graves;
- A rotina em serviços de diálise, que pode ser considerada repetitiva por alguns médicos;
- A percepção de remuneração inicial inferior à de outras especialidades clínicas.
Apesar de não ser uma das especialidades mais disputadas, a Nefrologia oferece uma formação rica, com atuação clínica ampla e impacto direto na qualidade de vida dos pacientes.
Principais Instituições
Entre os principais centros para residência em Nefrologia no Brasil, destacam-se:
- Hospital das Clínicas da USP (FMUSP)
- UNIFESP
- UFRJ
- Hospital de Clínicas de Porto Alegre (UFRGS)
- Instituto do Coração (InCor)
Remuneração na Nefrologia
De acordo com o Portal Salário, o piso salarial registrado é de R$8.490,79, enquanto o teto pode alcançar R$15.280,99, ou até mais, caso tenham vínculo com centros de transplante ou exerçam atividades acadêmicas e administrativas.
A maioria dos médicos trabalham como CLT ou PJ?
A forma de contratação mais comum entre nefrologistas é como Pessoa Jurídica (PJ), especialmente em clínicas de diálise, onde é possível trabalhar com múltiplos turnos por semana. Há também vagas CLT, principalmente em hospitais públicos e instituições filantrópicas. Muitos profissionais combinam diferentes vínculos para compor sua renda.
Conselhos para quem quer ser especialista em Nefrologia
1. Tenha afinidade com pacientes crônicos e relações de longo prazo: A Nefrologia é uma especialidade que exige paciência, empatia e vínculo. Boa parte dos pacientes são crônicos, como aqueles em hemodiálise ou com Doença Renal Crônica (DRC), o que demanda acompanhamento contínuo e compromisso a longo prazo.
2. Invista em uma base sólida de Clínica Médica: Como a Nefrologia exige residência prévia em Clínica Médica, é essencial construir uma base forte de conhecimento em áreas como hipertensão, diabetes, distúrbios hidroeletrolíticos e doenças sistêmicas. Um bom clínico tem mais facilidade para diagnosticar e manejar pacientes nefrológicos com múltiplas comorbidades.
3. Prepare-se para uma rotina desafiadora e técnica: A rotina pode envolver plantões, visitas a centros de diálise, atendimentos hospitalares e pacientes em estado crítico. Além disso, a especialidade exige domínio de aspectos técnicos como acesso venoso, biópsia renal, interpretação de exames laboratoriais e equilíbrio ácido-básico.