A Residência médica em Cirurgia Torácica é uma especialidade médica que se dedica ao tratamento cirúrgico das doenças que acometem os órgãos do tórax, com exceção do coração. É uma área altamente especializada, com papel fundamental no diagnóstico e tratamento de patologias pulmonares, traqueais, esofágicas e da parede torácica.
Essa especialidade é responsável pelo tratamento de doenças que acometem estruturas como pulmões, pleura, traqueia, esôfago, diafragma e parede torácica. Inclui desde procedimentos minimamente invasivos, como a videotoracoscopia, até cirurgias complexas como pneumectomias e tratamento de traumas torácicos.
Breve histórico
É importante entender que a Cirurgia Torácica é uma especialidade relativamente recente, se comparada a outras áreas cirúrgicas. Seu desenvolvimento começou a ganhar força no início do século XX, quando doenças pulmonares como a tuberculose exigiam intervenções cirúrgicas mais específicas.
Na época, a limitação era grande: a abertura do tórax causava colapso pulmonar e alta mortalidade. Foi só com o avanço da anestesiologia, da ventilação mecânica e das técnicas assépticas que cirurgias torácicas se tornaram viáveis e mais seguras.
Atualmente, com o uso de tecnologias como a videotoracoscopia (VATS) e a cirurgia robótica, a área se destaca pela sua abordagem minimamente invasiva e por tratar doenças como câncer de pulmão, hiperidrose, estenoses traqueais, entre outras.
Importância da Cirurgia Torácica na medicina
A Cirurgia Torácica tem papel fundamental na medicina moderna por sua atuação direta em doenças graves e potencialmente fatais que afetam os órgãos do tórax, especialmente os pulmões, o esôfago, a traqueia e a parede torácica.
Um dos grandes destaques da especialidade é sua relevância no tratamento do câncer de pulmão, que está entre os tipos mais letais de neoplasias em todo o mundo. A intervenção cirúrgica, quando indicada, representa uma das principais formas de cura da doença em estágios iniciais.
O que faz o especialista em Cirurgia Torácica
O cirurgião torácico é o médico especialista em diagnosticar e tratar, por meio de intervenções cirúrgicas, doenças que afetam os órgãos do tórax, com exceção do coração (que é responsabilidade da Cirurgia Cardiovascular).
Esse profissional atua em diversas frentes, incluindo:
- Ressecções pulmonares (lobectomia, segmentectomia, pneumonectomia) em casos de câncer ou outras doenças pulmonares;
- Tratamento cirúrgico de traumas torácicos, como fraturas de costelas, hemotórax, pneumotórax ou lesões da parede torácica;
- Cirurgias do esôfago, como esofagectomias e miotomias para acalasia;
- Simpatectomia torácica para hiperidrose palmar ou axilar grave;
- Drenagem de empiemas pleurais e outras complicações infecciosas;
- Correções de deformidades torácicas, como pectus excavatum e pectus carinatum;
- Procedimentos minimamente invasivos, como a videotoracoscopia (VATS) e, em alguns centros, a cirurgia robótica.
Além das cirurgias propriamente ditas, o especialista também participa de decisões clínicas em conjunto com pneumologistas, oncologistas, intensivistas e emergencistas, principalmente em hospitais de média e alta complexidade.
Rotina da Cirurgia Torácica
A rotina do especialista em Cirurgia Torácica é bastante dinâmica e exige preparo técnico, emocional e físico. O dia a dia do cirurgião torácico normalmente começa cedo, com visitas hospitalares para acompanhar pacientes internados no pós-operatório ou em preparo para cirurgias agendadas.
O ambulatório também faz parte da rotina, com atendimento de pacientes encaminhados para avaliação cirúrgica, seguimento pós-operatório e investigação de sintomas respiratórios, nódulos pulmonares, hiperidrose ou doenças esofágicas.
Grande parte do tempo do cirurgião torácico é dedicada ao centro cirúrgico. Ali, ele realiza uma ampla gama de procedimentos, que vão desde cirurgias minimamente invasivas, como a videotoracoscopia (VATS), até intervenções mais complexas como lobectomias pulmonares, esofagectomias e cirurgias para tumores mediastinais.
Por fim, vale lembrar que o profissional da Cirurgia Torácica precisa manter-se constantemente atualizado. Como a especialidade está em constante evolução — especialmente no que diz respeito às tecnologias minimamente invasivas e ao tratamento oncológico — o estudo contínuo faz parte da rotina, seja por meio de congressos, artigos científicos ou cursos de aperfeiçoamento.

Principais dificuldades do dia a dia
A Cirurgia Torácica é uma especialidade altamente técnica e desafiadora, o que naturalmente traz algumas dificuldades na prática clínica diária. Uma das principais é o alto grau de complexidade dos casos.
Outro desafio importante é a necessidade de lidar com pacientes em estado grave. A especialidade está fortemente ligada à oncologia torácica e ao trauma, o que significa que muitos pacientes chegam em condições clínicas delicadas, exigindo intervenções rápidas e um cuidado pós-operatório intensivo.
Além disso, há limitações estruturais em muitos hospitais, como a falta de equipamentos adequados para cirurgias minimamente invasivas (como a videotoracoscopia) ou a indisponibilidade de materiais específicos, o que pode comprometer a execução de procedimentos mais modernos.
Por fim, o tempo de formação prolongado e a carga de trabalho intensa também são fatores que pesam na rotina do cirurgião torácico. Após a graduação, é necessário passar por dois anos de Cirurgia Geral e mais dois anos de Cirurgia Torácica, com jornadas que muitas vezes incluem plantões, cirurgias longas e responsabilidades com pacientes em estado crítico.
Residência médica em Cirurgia Torácica
Acesso direto ou pré-requisito
A residência médica em Cirurgia Torácica não é de acesso direto — ou seja, exige um pré-requisito obrigatório de dois anos em Cirurgia Geral. Somente após a conclusão desse ciclo inicial o médico pode prestar prova para ingresso na residência de Cirurgia Torácica.
Duração
A residência em Cirurgia Torácica tem duração de dois anos, após o cumprimento do pré-requisito de dois anos de Cirurgia Geral. Portanto, o tempo total de formação especializada é de quatro anos, sendo os dois primeiros voltados à base cirúrgica geral e os dois seguintes totalmente focados na atuação torácica.
Concorrência por vaga
A Cirurgia Torácica é considerada uma especialidade pouco concorrida em número de candidatos por vaga, principalmente quando comparada a outras áreas cirúrgicas mais populares, como Cirurgia Geral, Ortopedia e Neurocirurgia. Isso ocorre porque a especialidade é bastante específica, técnica e exige um perfil bem definido de interesse, o que naturalmente reduz o número de candidatos.
No entanto, isso não significa que seja fácil entrar: como o número de vagas é muito pequeno em todo o Brasil, a concorrência pode variar bastante de acordo com a instituição. No processo seletivo de 2024, a Cirurgia Torácica registrou 3 candidatos para 1 vaga, resultando em uma relação de 3 candidatos por vaga.
Principais residências
Alguns dos principais centros de formação em Cirurgia Torácica no Brasil incluem:
- Hospital das Clínicas da USP (São Paulo)
- Instituto Nacional de Câncer (INCA – Rio de Janeiro)
- Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
- Universidade Federal do Paraná (UFPR)
- Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA)
Remuneração do Cirurgião Torácico
A remuneração de um cirurgião torácico no Brasil varia significativamente conforme fatores como experiência, região de atuação, carga horária e tipo de vínculo empregatício. De acordo com o Portal Salário a média salarial para esse profissional é de R$ 9.599,85 mensais, considerando uma jornada de 22 horas semanais
Além disso, a carga horária influencia diretamente nos ganhos. Por exemplo, para uma jornada de 31 horas semanais, o salário médio é de R$5.687,77 . Profissionais que atuam como pessoa jurídica (PJ) podem ter remunerações superiores, especialmente ao realizar procedimentos de alta complexidade em instituições privadas
A maioria dos médicos trabalham como CLT ou PJ?
Boa parte dos cirurgiões torácicos atua como pessoa jurídica (PJ), sendo contratados por serviços hospitalares ou operadoras de saúde para realizar cirurgias e atendimentos especializados. Isso garante maior flexibilidade e, muitas vezes, melhor remuneração por procedimento. No entanto, há também oportunidades com vínculo CLT, principalmente em concursos públicos e hospitais universitários, com salários geralmente fixos e menores, mas com estabilidade e benefícios.
Conselhos para quem quer ser especialista em Cirurgia Torácica
- 1. Fortaleça sua base em Cirurgia Geral e anatomia torácica.
Como a Cirurgia Torácica exige o pré-requisito em Cirurgia Geral, é fundamental aproveitar bem esse período. Dedique-se especialmente à anatomia do tórax, técnicas operatórias básicas e ao raciocínio clínico cirúrgico. Essa base vai facilitar muito a transição para procedimentos mais complexos, como lobectomias, esofagectomias e toracotomias. - 2. Busque contato com a especialidade o quanto antes.
Muitos estudantes só descobrem o que realmente é a Cirurgia Torácica durante a residência — e isso pode atrasar a tomada de decisão. Tente fazer estágios extracurriculares, ligas acadêmicas ou optativas com equipes da área. Assim, você terá uma noção real do dia a dia, do tipo de paciente e dos procedimentos, e poderá avaliar se essa é realmente a sua vocação. - 3. Prepare-se para uma carreira tecnicamente exigente — e gratificante.
A Cirurgia Torácica é uma especialidade que exige precisão, preparo emocional e atualização constante. O volume de cirurgias complexas, a presença em urgências e a responsabilidade com pacientes graves fazem parte da rotina. Mas, para quem gosta de desafios, inovação e de ver resultados rápidos e impactantes no paciente, é uma das áreas mais gratificantes da medicina.