A Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou nesta terça-feira (2) que mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo convivem com transtornos mentais, como ansiedade e depressão. A entidade alerta que o problema causa sérios impactos humanos, sociais e econômicos, exigindo atenção urgente dos governos.
Segundo a instituição, esses transtornos já representam a segunda maior causa de incapacidade a longo prazo. Além da perda de qualidade de vida, eles geram custos anuais estimados em US$ 1 trilhão (cerca de R$ 5,5 trilhões), valor que inclui gastos com saúde e, principalmente, perdas de produtividade.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, foi enfático ao destacar a necessidade de mudanças profundas: “Transformar os serviços de saúde mental é um dos desafios mais urgentes da saúde pública. Investir nessa área significa investir em pessoas, comunidades e economias”.
Além disso, o diretor reforçou que o cuidado em saúde mental deve ser tratado como direito básico e não como privilégio. “Cada governo e cada líder tem a responsabilidade de agir com urgência”, completou.
Embora muitos países tenham atualizado políticas e criado programas específicos, os avanços ainda não são suficientes para atender às necessidades globais. De acordo com a OMS, em média apenas 2% dos orçamentos nacionais de saúde são destinados a essa área, índice praticamente inalterado desde 2017.
Dados sobre suicídio
Entre os efeitos mais graves dos transtornos está o suicídio. Em 2021, cerca de 727 mil pessoas morreram dessa forma em todo o planeta, tornando o suicídio uma das principais causas de morte entre jovens.
As metas da ONU preveem uma redução de 33% nos índices até 2030. No entanto, se o ritmo atual se mantiver, a queda será de apenas 12%. Isso revela que, apesar dos esforços, os resultados ainda estão muito aquém do necessário.
Outro dado relevante divulgado pela OMS é que mulheres são desproporcionalmente mais afetadas pela ansiedade e pela depressão, embora ambos os transtornos mentais estejam entre os mais comuns para homens e mulheres.

Caminhos para enfrentar o problema
Além de atualizar leis e políticas públicas, a OMS recomenda ampliar o atendimento comunitário, reduzir a dependência de hospitais psiquiátricos e garantir a formação contínua de profissionais. Além disso, a instituição também defende a colaboração entre diferentes setores da sociedade, a redução do estigma e a promoção de campanhas educativas.
Os relatórios World Mental Health Today e Atlas da Saúde Mental 2024 destacam avanços importantes, como a inclusão da saúde mental em escolas, programas de prevenção ao suicídio e apoio psicossocial em emergências. No entanto, apenas 10% dos países concluíram a transição para modelos de atenção comunitária, o que mostra a lentidão no enfrentamento desse desafio.
Para a OMS, somente um investimento sustentado e globalmente articulado será capaz de garantir que a saúde mental deixe de ser um ponto frágil dos sistemas de saúde e se torne uma prioridade efetiva, capaz de salvar vidas e fortalecer economias.
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