A Universidade de São Paulo (USP) está no ranking QS 2026 da América Latina e não ocupa mais o primeiro lugar entre as universidades da América Latina e Caribe. No ranking Quacquarelli Symonds (QS), divulgado nessa quarta-feira (1º), a instituição caiu para a segunda posição, sendo ultrapassada pela Pontifícia Universidade Católica do Chile (UC), em Santiago. O levantamento avaliou 437 instituições da região e trouxe mudanças importantes no cenário acadêmico.
A novidade chama atenção porque a USP vinha liderando a lista nos dois anos anteriores e se consolidava como a grande referência regional. No entanto, apesar da queda, a USP continua sendo a universidade brasileira mais bem posicionada no ranking e segue como referência em produtividade científica.
A instituição lidera em cinco critérios: citações por artigo, artigos por docente, equipe com doutorado, rede internacional de pesquisa e impacto na web.
Nos indicadores de reputação acadêmica, houve empate com a UC do Chile. Porém, a universidade chilena se destacou em reputação entre empregadores e na proporção de professores por aluno, dois quesitos nos quais a USP apresentou desempenho inferior.
Com 88 mil alunos, a USP enfrenta desafios estruturais em comparação à UC, que possui cerca de 30 mil estudantes e uma proporção de 65 professores por aluno, contra 50 na paulista.
Confira a posição da USP no ranking QS 2026 com outras universidade da América Latina:

O que diz a USP
Segundo Fátima Nunes, coordenadora do Escritório de Gestão de Indicadores de Desempenho Acadêmico da USP, os números usados pela QS são referentes a 2023 e não refletem plenamente os avanços recentes da universidade.
Ela citou, por exemplo, que o critério de proporção de alunos por professor não incorporou contratações mais recentes. “Mesmo assim, a USP mais uma vez é a instituição brasileira com a melhor colocação, o que reafirma a liderança”, afirmou.
Especialistas ressaltam que oscilações em rankings devem ser analisadas com cautela, já que mudanças nos critérios, no peso de indicadores e no número de instituições avaliadas podem impactar os resultados.
A USP reafirma que permanece como a universidade brasileira de maior destaque e que mudanças de posição no ranking não alteram sua relevância acadêmica e científica.
“Obviamente gostaríamos de estar em primeiro. Mas segundo lugar em um universo de quase 500 universidades é motivo de orgulho e responsabilidade”, declarou a instituição, reforçando que os resultados servem como referência para aprimorar estratégias de ensino, pesquisa e internacionalização.
Desempenho das universidades brasileiras e da USP no ranking QS 2026:

Além da USP, o Brasil mantém presença de destaque entre as melhores da região. A Unicamp ficou em 3º lugar, seguida pela UFRJ (5º) e pela Unesp (6º), que subiu duas posições em relação ao ano passado.
O reitor da UFRJ, Roberto Medronho, destacou que a permanência no top 5 reflete o empenho da comunidade acadêmica, mesmo diante de limitações orçamentárias. Já a Unesp comemorou o avanço no ranking, impulsionado por 653 novas contratações de docentes nos últimos três anos e pelo fortalecimento de políticas de inclusão.
No total, o Brasil é o país mais representado, com 130 instituições na lista, sendo 26 entre as 100 melhores. Chile (16) e México (14) aparecem em seguida.
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Pontos fortes do Brasil no cenário nacional
Segundo a QS, o desempenho “excepcional” do Brasil está diretamente relacionado à produtividade acadêmica e ao impacto de suas pesquisas. O país se destaca em indicadores como citações por artigo, artigos por docente, rede internacional de pesquisa e reputação acadêmica.
Programas de cooperação internacional, financiados por agências como a Capes, e a expansão da pós-graduação consolidam a posição brasileira. Porém, no critério de reputação entre empregadores, apenas a USP figura entre as dez melhores da região.
Qual foi a universidade que desbancou a USP do topo do ranking?
Fundada em 1888, a Pontifícia Universidade Católica do Chile concentra 18 faculdades distribuídas em cinco campi, quatro deles em Santiago. A instituição, particular, tem cerca de 30 mil alunos e se consolidou como uma das mais respeitadas da América Latina tanto entre acadêmicos quanto empregadores.
Entre seus ex-alunos estão os ex-presidentes chilenos Sebastián Piñera e Eduardo Frei Montalva. A UC também é referência em reputação internacional, aspecto decisivo para assumir a liderança em 2026. O ex-presidente do Banco Central do Chile (1982), Miguel Kast também estudou na instituição. A lista de egressos ainda inclui Alberto Hurtado, segundo santo do Chile, e Raúl Silva Henríquez, arcebispo de Santiago.