A Associação Médica Brasileira (AMB), em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), lançou nesta quarta-feira (30) a edição de 2025 da Demografia Médica do Brasil. O estudo revela que há atualmente pouco mais de 597 mil médicos em atividade no país, e a projeção é que esse número chegue a 635 mil até o fim do ano.
Um dos destaques do levantamento é a transformação do perfil da categoria: pela primeira vez na história, as mulheres devem se tornar maioria entre os médicos. Segundo os dados, elas podem representar até 50,9% da força de trabalho médica até dezembro. A tendência de crescimento é constante — até 2035, as mulheres devem responder por 56% da categoria.
Esse avanço reflete uma mudança que vem se desenhando há anos. Em 2009, as médicas eram 40,5% do total, contra 59,5% de homens. Em 2024, elas já representavam 49,3%. Além disso, as mulheres também predominam entre os médicos residentes: são 58% do total.
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Aumento de médicos sem especialização preocupa
Apesar do crescimento do número de médicos, o levantamento também mostra um dado que acende um alerta. Apenas 59% dos profissionais em atividade — cerca de 353 mil — possuem título de especialista. Os demais, cerca de 244 mil, atuam como generalistas. O número de médicos sem especialização cresceu significativamente nos últimos três anos, saltando de 192 mil para 244 mil profissionais.
Especialistas ouvidos pelo estudo apontam que a rápida expansão no número de profissionais sem especialização pode afetar a qualidade da assistência médica, especialmente em regiões com maior demanda por atendimento qualificado.
Distribuição desigual e densidade inferior à média internacional
A média nacional atual é de 2,97 médicos por mil habitantes. Embora esse número tenha crescido com a entrada de mais de 116 mil médicos nos últimos cinco anos, o Brasil ainda ocupa apenas a 33ª posição entre 47 países analisados quanto à densidade médica por população.
A distribuição de médicos também continua desigual entre as regiões do país. Estados das regiões Sudeste e Sul concentram a maior parte dos profissionais, enquanto o Norte e o Nordeste ainda enfrentam escassez. A distribuição de médicos por mil habitantes por região é a seguinte:
- Sudeste: 3,76 médicos por mil habitantes
- Sul: 3,27 médicos por mil habitantes
- Centro-Oeste: 3,39 médicos por mil habitantes
- Nordeste: 2,22 médicos por mil habitantes
- Norte: 1,73 médicos por mil habitantes
Expansão acelerada e desafios para o futuro
A entrada massiva de novos médicos no mercado de trabalho — mais de 116 mil nos últimos cinco anos — é atribuída principalmente à abertura de novos cursos de medicina e ao crescimento de vagas em universidades privadas. Embora o aumento no número de profissionais possa ampliar o acesso à saúde, especialistas alertam para a necessidade de políticas públicas que garantam formação de qualidade, distribuição equitativa e incentivo à especialização.
Com o crescimento acelerado e as mudanças no perfil da categoria, o Brasil enfrenta o desafio de equilibrar quantidade, qualidade e distribuição dos médicos. O futuro da saúde no país dependerá não apenas de formar mais profissionais, mas de prepará-los e alocá-los de forma estratégica para atender às reais necessidades da população.
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