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Como as residências médicas ajudam a suprir a falta de especialistas no SUS

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Formação médica em serviço tem sido peça-chave para reduzir desigualdades regionais e ampliar o acesso à saúde especializada no SUS.

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A residência médica desempenha um papel central e estratégico na superação dos vazios assistenciais no Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente em regiões com escassez de médicos especialistas. Por meio de programas voltados à expansão territorial das vagas, alinhados a políticas públicas como Pró‑Residência, do Ministério da Saúde, e editais recentes, essa formação representa um caminho eficaz para a ampliação da cobertura especializada e a melhoria da qualidade do atendimento à população mais vulnerável.

Expansão direcionada para regiões carentes

Em 13 de maio de 2025, o Ministério da Saúde lançou um edital de apoio técnico com o objetivo explícito de incentivar a criação de novos programas de residência médica e multiprofissional em regiões com menor cobertura assistencial.

As especialidades prioritárias listadas incluem ginecologia e obstetrícia, pediatria, neonatologia, oftalmologia, cardiologia, cirurgia oncológica e medicina intensiva pediátrica.

A iniciativa busca fortalecer a rede pública e reduzir o tempo de espera por atendimento, além de promover a qualificação dos profissionais que ali se formarão.

Programas como esse são priorizados em municípios com alta vulnerabilidade social, baixa densidade de especialistas por habitante e que ainda não possuem residência médica, o que endereça precisamente o problema dos vazios assistenciais.

Histórico de políticas e incentivos

Desde 2009, o Programa Pró‑Residência tem como objetivo estratégico contribuir para a formação de especialistas em áreas que são consideradas estratégicas para o SUS, com ênfase significativa na redistribuição de vagas para regiões historicamente carentes, como Norte, Nordeste e Centro-Oeste, responsáveis por cerca de 70% das vagas destinadas a essas áreas.

Além disso, o Cadastro Nacional de Especialistas (2015) forneceu subsídios para planejar melhor a distribuição dessas vagas, informando onde havia maior carência e, portanto, maior necessidade de investimento.

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Fortalecimento da atenção especializada e integração com a atenção primária

A Política Nacional de Atenção Especializada (PNAES), instituída em outubro de 2023, tem como eixo a organização da rede especializada de forma territorialmente integrada à atenção primária (APS), garantindo que o especialista seja peça complementar e articulada ao cuidado coordenado pela APS. A criação de programas específicos, como o Mais Acesso a Especialista (abril de 2024), programa para reduzir o tempo de espera no SUS, reforça esta lógica ao ampliar consultas e procedimentos especializados no SUS.

Residências locais fortalecem a atenção especializada, pois residentes permanecem e atuam em rede, muitas vezes após a conclusão do programa, contribuindo para a fixação profissional nos próprios municípios.

Formação de qualidade voltada ao contexto local

A residência médica, enquanto modalidade de pós-graduação lato sensu regulamentada pela Lei federal nº 6.932/1981, oferece um modelo de ensino em serviço com articulação entre formação acadêmica e atendimento real à população.

O residente aprende com preceptores, executa procedimentos clínicos e cirúrgicos e vivencia os principais problemas de saúde locais. Tais características fazem da residência reconhecidamente “modelo internacional mais adequado” para formar especialistas de alto nível, em comparação às pós-graduações de fim de semana ou cursos a distância.

Fixação dos profissionais nos territórios carentes

Embora um desafio seja a insatisfação e a saída dos residentes do SUS após a conclusão da residência, em parte pelo atrativo salarial da rede privada, ainda assim uma parcela significativa permanece atuando na rede pública. Cerca de 24,6% dos residentes afirmaram que, um ano após a formação, trabalhavam predominantemente ou integralmente no SUS. Além disso, quando programas de residência são implantados em regiões com poucos especialistas, há mais chance de retenção desses profissionais na localidade, contribuindo diretamente ao enfrentamento das carências assistenciais.

Impactos no acesso da população

Quando residentes são alocados em regiões com escassez e, após a formação, permanecem atuando, cresce a oferta de especialistas em áreas que geralmente enfrentam filas longas ou ausência de serviços como oftalmologia, cardiologia ou neonatologia. Assim, há redução real no tempo de espera por consultas e tratamentos, ampliando a acessibilidade para populações vulneráveis.

Ademais, o atendimento especializado com conhecimento local tende a ser mais eficiente e humanizado, alinhado à lógica do SUS como parte do direito à saúde.

A residência médica é uma ferramenta poderosa para suprir a falta de especialistas no SUS, especialmente em regiões historicamente carentes. Políticas orientadas à expansão territorial de vagas (como o edital de maio de 2025), programas como o Pró‑Residência, iniciativas integradas à atenção primária e atenção especializada (via PNAES), e esforços para fixar os profissionais formados nos locais de maior necessidade, compõem uma estratégia robusta para enfrentar os vazios assistenciais.

Para que essa estratégia funcione plenamente, é essencial garantir não apenas o aumento das vagas, mas também a qualidade da formação, infraestrutura dos serviços, valorização dos preceptores e condições adequadas para os residentes. Assim, formam-se especialistas motivados e engajados com as comunidades a que servem, e o SUS se fortalece como sistema universal, equitativo e resolutivo.

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