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Doenças cardiovasculares: os 4 sinais que você não deve ignorar

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Aprenda a identificar os 4 sinais que antecedem 99% das doenças cardiovasculares, e saiba como se cuidar para evitar surpresas indesejáveis

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Em torno de 99% das pessoas que sofreram infarto, acidente vascular cerebral (AVC) ou insuficiência cardíaca, apresentaram pelo menos um fator de risco cardiovascular previamente identificado. O estudo publicado na revista Journal of the American College of Cardiology (JACC), umas das revistas mais conceituadas do mundo, desafia a crença popular de que doenças cardiovasculares frequentemente atingem pessoas “do nada”, sem sinais prévios. 

O estudo reforça uma mensagem crucial para a saúde pública, eventos cardiovasculares graves raramente acontecem por acaso e podem ser prevenidos com o monitoramento regular de quatro indicadores relativamente simples: pressão arterial, colesterol, glicose e tabagismo.

A pesquisa e sua metodologia

A investigação científica foi conduzida pelo Dr. Hokyou Lee e colaboradores, utilizando dados de dois grandes coortes populacionais: o Korean National Health Insurance Service (KNHIS), na Coreia do Sul, e o Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis (MESA), nos Estados Unidos. 

A amplitude da pesquisa impressiona, pela foto de terem sido analisados registros de saúde de 9.341.100 adultos sul-coreanos com 20 anos ou mais, acompanhados entre 2009 e 2022, e de 6.803 norte-americanos entre 45 e 84 anos, monitorados de 2000 a 2019.

No total, ocorreram 601.025 eventos cardiovasculares na corte coreana e 1.188 na norte-americana ao longo do período de acompanhamento.

A robustez científica do trabalho pela quantidade massiva de dados analisados e pelo longo período de seguimento torna as conclusões especialmente confiáveis e aplicáveis a diferentes populações.

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Os quatro fatores de risco fundamentais

Os pesquisadores investigaram a presença de quatro fatores de risco tradicionais em níveis considerados “não ideais” pela American Heart Association (AHA) antes da ocorrência de eventos cardiovasculares.

Confira quais são eles:

Pressão arterial elevada: pressão sistólica igual ou maior que 120 mmHg ou diastólica igual ou maior que 80 mmHg, ou uso de medicação anti-hipertensiva

Colesterol total elevado: níveis iguais ou maiores que 200 mg/dL, ou uso de medicação para controle do colesterol

Glicemia alterada: glicemia de jejum igual ou maior que 100 mg/dL, diagnóstico de diabetes ou uso de medicação para diabetes

Tabagismo: uso atual ou passado de produtos de tabaco

Esses parâmetros são mensuráveis em exames de rotina e representam indicadores acessíveis que qualquer pessoa pode acompanhar com orientação médica regular.

Resultados que surpreendem pela consistência

Os números revelam uma consistência impressionante entre as duas populações estudadas. Antes de sofrer doença coronariana, 99,7% dos sul-coreanos e 99,6% dos norte-americanos apresentavam pelo menos um fator de risco em níveis não ideais.

Para insuficiência cardíaca, os percentuais foram de 99,4% e 99,5%, respectivamente. No caso de AVC, 99,3% dos coreanos e 99,5% dos americanos tinham fatores de risco identificáveis antes do evento.

Mais alarmante ainda: a presença de múltiplos fatores de risco foi a regra, não a exceção. Entre 93,2% e 97,2% dos pacientes apresentavam dois ou mais fatores de risco antes de sofrer eventos cardiovasculares.

A hipertensão como vilã principal

A pressão arterial elevada destacou-se como o fator de risco mais prevalente em ambas as populações. Na coorte coreana, entre 95,6% e 96,1% dos pacientes que sofreram eventos cardiovasculares tinham hipertensão não controlada previamente. Nos Estados Unidos, esse percentual variou de 93,0% a 96,8%.

Por outro lado, o tabagismo embora ainda significativo foi o fator menos prevalente: entre 47,9% e 68,1% na Coreia e entre 54,1% e 63,3% nos EUA.

Nenhum grupo está imune

A análise revelou que a alta prevalência de fatores de risco (superior a 99%) manteve-se consistente em todos os grupos etários e em ambos os sexos.

Mesmo mulheres com menos de 60 anos tradicionalmente consideradas um grupo de menor risco cardiovascular apresentaram mais de 95% de prevalência de fatores de risco antes de desenvolver insuficiência cardíaca ou sofrer AVC.

O contexto global das doenças cardiovasculares

As doenças cardiovasculares permanecem como a principal causa de mortalidade global, responsáveis por uma em cada três mortes no mundo. Em 2023, continuaram liderando a carga global de doenças, com a mortalidade cardiovascular aumentando acentuadamente após os 50 anos de idade, especialmente em homens.

Dados recentes mostram que 79,6% de todos os anos de vida ajustados por incapacidade (DALYs) relacionados a doenças cardiovasculares em 2023 eram atribuíveis a fatores de risco modificáveis, um aumento de 97,4 milhões desde 1990, impulsionado principalmente pelo crescimento e envelhecimento populacional.

Entre esses fatores modificáveis, os metabólicos (como índice de massa corporal elevado e glicemia alta) foram responsáveis por 67,3% da carga, seguidos por fatores comportamentais (44,9%).

Contexto Brasileiro das doenças do coração

O relatório Estatística Cardiovascular Brasil 2023, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, confirma que as doenças cardiovasculares seguem como a principal causa de morte no país, com alta carga de mortalidade e internações no SUS, expressivas desigualdades regionais e forte peso de fatores de risco modificáveis  especialmente hipertensão, diabetes, dislipidemia, obesidade e sedentarismo. 

Embora o tabagismo tenha caído nas últimas décadas, o envelhecimento populacional e o avanço do excesso de peso mantém a pressão sobre o sistema de saúde, inclusive com óbitos e eventos em idade produtiva.

A publicação reúne séries históricas de mortalidade, prevalência de fatores de risco, custos diretos e indiretos, além de recomendações para ampliar ações de prevenção, rastreamento e acesso ao tratamento na atenção primária, com foco em reduzir óbitos evitáveis e desigualdades. 

Implicações práticas para a população

A pesquisa contradiz estudos que sugerem um crescimento de casos de doenças cardiovasculares “sem causa aparente”, indicando que métodos inadequados de identificação podem estar falhando em detectar os fatores de risco corretamente.

A mensagem central é clara, eventos cardiovasculares graves são quase sempre previsíveis e preveníveis. O monitoramento regular da pressão arterial, dos níveis de colesterol e glicose, combinado com a cessação do tabagismo, representa a base fundamental da prevenção cardiovascular.

Pesquisas recentes demonstram que, aos 50 anos de idade, a ausência de hipertensão não controlada e de outros quatro fatores de risco cardiovascular está associada a uma década adicional de vida em comparação com a presença de todos os cinco fatores.

Esses cinco fatores de risco modificáveis são responsáveis por aproximadamente 50% da carga global de doenças cardiovasculares.

O coração dá sinais antes de qualquer evento grave. Ouvir esses sinais com acompanhamento médico regular, alimentação equilibrada, atividade física e cessação do tabagismo podem evitar as doenças cardiovasculares e salvar vidas.

A ciência demonstra, de forma clara, que a prevenção cardiovascular não é um mistério, ela depende do controle de fatores mensuráveis e tratáveis. Investir em check-ups regulares e hábitos saudáveis não é apenas recomendável, é uma decisão que pode adicionar anos de vida com qualidade e saúde.

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