Uma pesquisa do Research Center, núcleo de estudos da Afya, revelou que médicas recebem salários 24% menores que os de seus colegas homens. O estudo, realizado em 2023, contou com a participação de 2.624 profissionais da saúde para identificar o cenário do salário na medicina.
Embora representem maioria tanto na profissão quanto nas faculdades de Medicina, com 49,3% dos profissionais, segundo dados da Demografia Médica de 2024, as médicas ainda enfrentam desvalorização salarial.
O “Panorama Financeiro do Médico em 2023”, estudo realizado pela Afya, revela que, enquanto os médicos têm um salário médio de R$26.138, as médicas recebem, em média, R$19.865 — uma diferença de 24% entre os salários.
Homens trabalham mais horas, mas salário na medicina entre os gêneros ainda é discrepante
Transformando as horas de trabalho em uma base semanal, os homens têm carga horária média de cerca de 54,7 horas, enquanto as mulheres trabalham 47,8 horas por semana. Isso representa uma diferença de 6,9 horas de trabalho entre os gêneros.
Apesar de trabalharem mais horas, ainda há uma disparidade na remuneração por hora. Os homens recebem, em média, R$477 por hora trabalhada, enquanto as mulheres recebem R$416, o que representa uma diferença de 12,9%.
Por elas receberem menos por hora trabalhada sugere que a remuneração total para as mulheres ainda é menor, refletindo uma desvalorização relativa do trabalho feminino.
“Isso nos mostra que mesmo que a médica trabalhe a mesma quantidade de horas por semana que o médico, em média, ela não recebe o mesmo salário” – indica o relatório.
Além disso, cerca de 73% das médicas não consideram justo o salário que recebem atualmente. Embora a projeção de aumento salarial desejada pelas médicas seja menor em comparação com a dos homens, ainda há uma diferença significativa. Mulheres não satisfeitas com seu salário na medicina atual acreditam que um aumento de 39,3% seria justo, enquanto os homens acham que um aumento de 42,8% seria adequado.
| Gênero | Salário Base | Valor por hora | Tempo de trabalho |
|---|---|---|---|
| Homens | R$26.138 | R$477 | 54,7 |
| Mulheres | R$19.865 | R$416 | 47,8 |
Mulheres ocupam menos cargos de chefia
Outro ponto importante a destacar é a presença de mulheres em cargos de liderança dentro da carreira médica. Apesar de maioria na profissão, as mulheres ocupam menos cargos de liderança do que homens.
Elas representam cerca de 70% dos cargos de linha de frente no sistema de saúde, de acordo com o relatório apresentado pela Woman in Global Health, “A situação das mulheres e a liderança na Saúde Global”.
No entanto, apenas 25% ocupam cargos de liderança no setor. Enquanto isso, mesmo em menor número atualmente, os homens ainda ocupam a maior parte das chefias, 75% dos cargos de liderança são ocupados por homens, desse número, 30% são da área médica.
Saúde mental das profissionais
Em um estudo recente que avaliou como anda a saúde mental de médicos de todo o Brasil, realizado também pelo grupo Afya, foi identificado que 40% dos profissionais da área sofrem com algum tipo de transtorno mental. Dentre os mais afetados, as mulheres são as mais impactadas.
A cada dez médicos diagnosticados com transtornos mentais, três são mulheres que enfrentam condições como ansiedade, depressão ou síndrome de burnout. Dentre as principais causas, estão o estresse e a alta demanda de trabalho.
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