A jornada de um estudante que optou pela carreira médica é longa e contínua, mas vale a pena demais!
O estudante brasileiro não tem um dia de paz quando o assunto é pensar no futuro, principalmente quando o assunto é a carreira médica. QUE SERÁ SEU OFÍCIO ETERNO! Imagina o peso dessa decisão? Não é mole!
E a gente sabe que nesse bolo de estudante que ainda não sabe o que quer e fica flertando com a possibilidade de usar aquele jaleco na rua depois da aprovação, há influência dos pais, sonho de criança, remuneração (quem não gosta de se mimar não é mesmo). Mas vou logo dar aquele chacoalho, antes dos dias de glória vêm os de luta.
Então segura as pontas que a gente vai mostrar os bastidores dessa trajetória!
Para começar a gente precisa entender como a danada da medicina funciona, né?
A graduação em Medicina dura 6 anos da vida acadêmica do estudante, divididos em 12 semestres de ensino. Mas se você tá caindo de paraquedas por aqui, ou não tem muita noção do que vem pela frente, vamos quebrar essa jornada em 3 partes pra você entender melhor. Tá?!
Ciclo básico
Durante os primeiros dois anos do curso, o ensino se concentra bastante na parte teórica, com o objetivo de munir o estudante de conhecimentos que atuem como suporte para qualquer aprendizado futuro e que o ajude a desenvolver o raciocínio clínico e científico necessário para a continuidade da sua jornada. Afinal, como é que você vai cuidar de um paciente se não sabe nem o beabá da Medicina?
Essa etapa, chamada de ciclo básico — ou período pré-clínico — é composta pelo estudo de matérias como Anatomia, Histologia, Patologia, Farmacologia, dentre outras. Por ser uma fase de muita densidade conteudista, ela pode acabar assustando um pouco o estudante, que pode se sentir meio borocoxô com tanta coisa.
Por isso, é importante ter a consciência de que sim, o estudante de Medicina tem que ralar pra caramba e desenvolver o hábito de continuar dedicando parte do seu tempo às leituras, independentemente do que estiver acontecendo em outras áreas da sua vida.
Apesar dessa fase não estar relacionada diretamente com a prática médica, ela permite ao estudante ter contato com salas de microscopia, laboratórios e cadáveres e é essencial para aqueles que se imaginam também como cientistas e pesquisadores da área. Portanto, o primeiro passo para uma passagem mais fluida por esse período do curso é reconhecer a sua importância e entrar pra seita: “aceita que dói menos”.
E para que ele seja ainda mais mastigado, um pouquinho mais “mamão com açúcar”, uma sugestão é sempre tentar relacionar os temas estudados nas matérias com casos clínicos reais. Dessa forma, a parte conteudista ganha ares de prática e você pode começar a sentir que toda essa profundidade livresca, com quês de filosófica, pode se tornar relativamente menos abstrata.
Tudo certo por enquanto? Tá pegando a ideia? Então vamos pro próximo.
Ciclo clínico
Também chamada de período clínico, esta fase possibilita ao estudante começar a aplicar todo o conteúdo estudado no ciclo básico e iniciar seus contatos com a prática médica. Eu ouvi um amém?
Mas isso não quer dizer que você terá de estudar menos. É, estudante… Rapadura é doce mas não é mole não! Aqui, o segredo é tentar aproveitar o melhor do teórico e do prático, para que essa mescla de aprendizados construa conhecimentos mais sólidos.
Esse ciclo inicia-se a partir do terceiro ano de graduação, englobando os períodos compreendidos entre o 5º e o 8º, constituindo a fase intermediária da graduação e atuando de forma preparatória para o terço final do curso: o internato médico. Aí sim, né? Já dá até pra ver a linha de chegada e o chapéu de formatura. Mas calma, essa é ainda a segunda etapa! Foco na realidade!
Durante o ciclo clínico, o contato com pacientes, exames e diagnósticos é bastante habitual e é também nessa fase que se aprende como fazer uma anamnese. Tente aproveitar esse contato para desenvolver suas habilidades de avaliação da história clínica do paciente e para vencer receios como timidez e dificuldades de comunicação. Afinal, esta última é uma competência que o estudante de Medicina deverá carregar consigo para o resto da sua carreira.
Resumindo: “ou vai ou racha”. Nessa etapa você vence seus medos na marra!
Internato médico
Essa é, efetivamente (e finalmente), a parte onde o estudante poderá ter o contato real com a prática médica. Ela funciona como um estágio curricular obrigatório e integra os últimos dois anos do curso de Medicina.
O internato é realizado com supervisão dos docentes da escola médica, ou universidade/faculdade em que o graduando está matriculado(a) e possui uma “carga de horário mínima que compreende cerca de 35% da carga horária total do Curso de Graduação em Medicina proposto, com base no Parecer/Resolução específico da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação”.
Segundo a Lei Nº 11.788, de 25 de setembro de 2008, que dispõe acerca do estágio estudantil, a carga horária máxima semanal para o curso de medicina é de 40 horas e envolve um certo rodízio entre as áreas do conhecimento médico, dentre elas a clínica médica, ginecologia-obstetrícia, pediatria, saúde coletiva e saúde mental.
Mas nada pode ser só flores, né?!
Como dissemos agorinha (se você prestou atenção, vai lembrar), o estudante de Medicina precisa sempre reservar um tempo para a manutenção dos seus estudos. Contudo, esse é um compromisso que muitas vezes pode se tornar bastante difícil de ser cumprido, afinal, segundo estudo realizado pela UFPA, boa parte dos estudantes tem de despender, diariamente, uma considerável fração do seu tempo com o deslocamento até a universidade para assistir às aulas, principalmente via transporte público, o que decorre em uma má qualidade do sono, influenciando assim no cansaço e falta de tempo e disposição para praticar exercícios físicos.
Tudo isso pode acabar sendo bastante pesado e influenciar diretamente a saúde mental do estudante, por isso, é essencial que exista um olhar cuidadoso e particular para com a organização de uma rotina saudável e benéfica.
Ué! Mas medaholics são cheios de personalidade sim…
Para ter a certeza de que você está realmente ligado(a), por dentro de tudo que envolve a jornada da carreira médica, é interessante conhecer também algumas características que compõem o perfil dos estudantes e graduados que costumam ter sucesso em suas carreiras acadêmicas e profissionais. Algumas delas são:
- Comprometimento com o bem-estar do próximo;
- Controle emocional;
- Gostar e ter disciplina para estudar;
- Habilidades de comunicação e inteligência social;
- Humildade e respeito;
- Prestatividade e disponibilidade;
- Pensamento crítico;
- Ser um bom ouvinte;
A lista de qualidades relacionadas a um médico de excelência é extensa e é claro que você não precisa ter todas elas para ser um bom ou uma boa profissional. No entanto, contar com algumas dessas competências te faz melhor preparado(a) para lidar com os desafios de uma carreira médica.
E para me despedir, porque já falei demais….
Escolher pela carreira médica pode realmente ser o cumprimento de um chamado da vida, de uma vocação. Sabe aquela sensação de que você está dando o seu melhor pro mundo? Pois é, tipo isso.
Há pessoas que sentem que nasceram para a profissão e que dedicam todo o seu tempo para tentar melhorar como profissional. Esse é, em essência, o espírito de um bom doutor.
Entretanto, antes de pensar em aproveitar a condição de médico(a), é necessário que o estudante esteja bem atento quanto à realidade do acadêmico de Medicina para não tomar uma decisão mal pensada e, derrapar no caminho e, no futuro, arrepender-se de todo o tempo e energia gastos para ingressar no curso.
Esperamos que você tenha conseguido entender bem como é escolher pela carreira médica! Fique ligado(a) no nosso site para conferir mais conteúdos relacionados ao estudante de Medicina!