O debate sobre a incorporação das chamadas “canetas emagrecedoras” ao Sistema Único de Saúde (SUS) ganhou força no Congresso Nacional. O senador Nelsinho Trad (PSD-MS), que também é médico, defendeu que o Brasil siga a tendência de países que já utilizam os medicamentos semaglutida e tirzepatida para tratar obesidade e diabetes tipo 2.
De acordo com ele, a medida pode reduzir gastos bilionários do sistema público e também salvar vidas ao prevenir doenças graves.
A discussão se intensificou após a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), órgão ligado ao Ministério da Saúde, rejeitar em agosto a inclusão desses remédios na rede pública.
A justificativa da Conitec foi o alto custo, estimado em mais de R$ 4 bilhões em cinco anos. Além disso, o parecer aponta também que o SUS já oferece cirurgia bariátrica como alternativa para pacientes com obesidade. No entanto, a decisão gerou críticas de entidades médicas e de parlamentares.
Para o senador Nelsinho Trad, a adição dessas chamadas canetas emagrecedoras no SUS é muito importante, pois elas não servem apenas para ajudar a perder peso. Segundo ele, esses medicamentos também têm um papel importante na prevenção de doenças graves que lotam hospitais e custam caro ao SUS.
Ele destacou que a obesidade está diretamente relacionada ao aumento de casos de hipertensão, infarto e derrame, doenças que exigem tratamentos caros e prolongados.
“Já vieram até me questionar: Não tem Novalgina no posto de saúde, você vai inventar caneta emagrecedora? Só que ela, além de emagrecer, ajuda na diabetes, na hipertensão material, no infarto agudo do miocárdio e no derrame; doenças que levam o SUS a gastar muito com o paciente que tem esses problemas. Por isso que eu acho que as canetas emagrecedoras precisam ser disponibilizadas nas redes públicas.”
Avanço para a saúde pública
Além do impacto econômico, Trad ressaltou o efeito positivo para os pacientes, que poderiam ter acesso a uma tecnologia já aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e considerada essencial pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em sua avaliação, a medida seria um avanço para a saúde pública e traria benefícios concretos à população de baixa renda, hoje sem condições de arcar com os custos, já que cada caneta custa cerca de R$ 1 mil nas farmácias.

Pressão por mudança
Em reunião com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, no início de setembro, o senador defendeu que o governo incentive a produção nacional das canetas e busque negociar preços mais baixos com a indústria farmacêutica.
Para ele, essa seria uma solução viável para garantir o acesso da população aos medicamentos e, ao mesmo tempo, equilibrar as contas do SUS, visto que o Sistema gasta mais de R$ 20 bilhões por ano em atendimentos ligados à obesidade e ao diabetes.
Crescimento do interesse popular
Em agosto, houve um crescimento expressivo no interesse pelas chamadas canetas emagrecedoras no Brasil. de acordo com dados do Google Trends, as buscas pelo princípio ativo liraglutida aumentaram 1.100% apenas na primeira semana do mês.
O pico foi registrado em 4 de agosto, data em que o medicamento chegou oficialmente às farmácias, despertando grande atenção do público.
Esse aumento nas pesquisas mostra que, além do debate político e científico, existe também uma forte demanda social por alternativas acessíveis de tratamento contra a obesidade.